Título: Alckmin afirma que governo Lula é pautado por 'agenda policial'
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2006, Nacional, p. A5
Em campanha ontem em Carapicuíba, na Grande São Paulo, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse que o País precisa ter um governo que não seja pautado pela 'agenda policial'. 'Entendo que o Brasil pode andar muito melhor, pode ter um governo do qual os brasileiros possam se honrar, e não ter vergonha, e que a pauta da agenda política não seja policial, mas agenda do crescimento, que é o que interessa', afirmou. 'O governo do Lula é o governo das oportunidades perdidas', prosseguiu.
Depois de participar de carreata e tumultuada caminhada pelo centro comercial de Carapicuíba, na qual foi bastante assediado, o presidenciável advertiu que a corrupção é um empecilho para o crescimento e ilustrou: 'Acaba de ser publicado um trabalho sobre competitividade mundial e o Brasil, que já estava em 66º lugar e que vinha com o freio de mão puxado, agora deu marcha à ré no governo Lula. Nós perdemos nove colocações no ranking.'
O ex-governador paulista anotou que o Banco Mundial, por exemplo, se recusa a financiar países com casos de corrupção. 'Onde tem corrupção tem ineficiência. Corrupção é a antítese de governo comprometido com o bem público, com o bem comum', argumentou.
Na véspera do debate da TV Globo, marcado para hoje à noite, no Rio, Alckmin explorou o fato de o governo de seu adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não ter aproveitado um cenário internacional favorável para crescer. 'Tem tudo por fazer. Tem ajuste fiscal por fazer, reforma do Estado por fazer, enorme esforço de gestão por fazer, reforma tributária por fazer', disse, destacando que só quando 'se fez e tem projeto' é que 'a continuidade' pela reeleição se justifica. 'Quando não tem projeto e também não fez, quem é que garante que vai fazer?'
Alckmin confirmou sua participação no debate de hoje na Globo, 'independentemente' da presença ou da ausência de Lula. Mas ele recomendou ao presidente que compareça, em sinal de 'respeito ao eleitor'.
Depois de apenas 20 minutos de caminhada em Carapicuíba, para a qual chegou com mais de uma hora e meia de atraso, Alckmin também voltou a cobrar agilidade da Polícia Federal e do governo na apuração do escândalo do dossiê Vedoin.
DOSSIÊ
O candidato demonstrou indignação com o desaparecimento do chip de um dos celulares de Gedimar Passos, um dos petistas que foram presos com o dinheiro para a compra do dossiê Vedoin. 'Como é que alguém preso consegue tirar o chip para poder apagar fatos ocorridos? Por que nesta história tudo é depois da eleição? Não há nenhuma razão para um cronograma de crime ter um cronograma eleitoral', reclamou.
Considerando-se 'praticamente' no segundo turno da eleição, Alckmin também comentou a decisão da Justiça Federal de Mato Grosso, que decretou anteontem a prisão temporária de seis petistas envolvidos com a tentativa de compra do dossiê Vedoin. 'Ficou mais fácil de poder descobrir tudo', afirmou o candidato. 'Já foram seis meninos, como chama o Lula, que estão com prisão decretada. O número de envolvidos é muito maior', afirmou.
O tucano negou que haja um rombo de R$ 1,2 bilhão no Estado que administrou até o início de abril. Alckmin, porém, se esquivou de polemizar com o atual governador, Cláudio Lembo (PFL), que deu a informação. 'Não há nenhum rombo. São ajustes naturais que todo fim de ano ocorrem. Pode ter certeza que São Paulo vai fechar o ano com déficit público zero.'