Título: Lula acusa Barjas Negri de ligação com sanguessugas
Autor: Monteiro, Tânia e Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2006, Nacional, p. A7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu para o ataque ontem, em entrevista à TV Record, e acusou os tucanos de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. O principal alvo de Lula foi Barjas Negri, secretário-executivo do Ministério da Saúde que assumiu o comando da pasta em 2002, quando José Serra saiu do cargo para disputar a eleição presidencial.

'Na essência, a operação dos sanguessugas começou no governo passado e nós pedimos investigação em 2004. A Polícia Federal ficou dois anos investigando e o Barjas Negri, que hoje é prefeito de Piracicaba, era secretário-executivo e assumiu o ministério, está envolvido nisso', disse Lula. 'Quando as pessoas falam o nome dele, não falam Barjas Negri do PSDB. Agora, quando tem alguém do PT falam: é do PT.'

Foi desqualificada pelo presidente a ordem de prisão de seis petistas envolvidos na tentativa de compra de um dossiê montado para incriminar os tucanos com o esquema das ambulâncias. 'A impressão que tenho é de que há uma jogada política neste pedaço aí', disse ele, alegando que o juiz responsável pela decretação da prisão sabe que no período de cinco dias antes da eleição ninguém pode ser preso, a não ser em flagrante.

Questionado sobre a demora da Polícia Federal em apontar a origem do dinheiro apreendido que seria usado pelos petistas para pagar o dossiê, Lula atribuiu a cobrança à pressa. 'Em tempo de campanha, pessoas ficam mais açodadas e falam mais', declarou. 'Não quero que nenhum inocente seja culpado ou nenhum culpado seja inocentado. Por isso, é necessário que haja investigação séria. Pessoas não querem a verdade, querem criar caso.'

A uma pergunta sobre o impacto do escândalo do dossiê em sua candidatura, o presidente respondeu: 'Às vezes me pergunto se o estrago será para o candidato Lula ou será para quem está pedindo a prisão dessas pessoas, porque a impressão que tenho é que há precipitação dos fatos.'

Ele defendeu a confiança depositada nos petistas envolvidos no caso do dossiê, alegando que 'eles têm história' no movimento social e sindical. 'Se ao entrarem no governo cometeram erro, pagarão por isso e serão julgados de acordo com a legislação', disse Lula. 'Não posso admitir que em época de campanha se fique jogando fumaça onde sequer tem fogo.'