Título: Pistas divulgadas pela polícia não levam a nada
Autor: Mendes, Fausto Macedo Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2006, Nacional, p. A8

As pistas divulgadas até agora pela Polícia Federal sobre a origem de R$ 25 mil do dinheiro que seria usado para a compra do dossiê Vedoin, indicando saques em agências do Bradesco e Bank Boston - em São Paulo - e do Banco Safra - em Campo Grande (MS) e em Duque de Caxias (RJ) -, são inconsistentes e pouco provam.

A reportagem do Estado visitou ontem os endereços indicados pela PF como origem dos R$ 25 mil - uma pequena parte dos R$ 1,75 milhão do dossiê - e constatou que as informações não batem e na principal agência indicada não pode ter havido saques em moeda.

A PF já havia informado que, apesar de as notas dos R$ 25 mil terem cintas com identificação das agências, isso não significa que os saques tenham sido realizados nesses locais. Saques de alto valor normalmente têm notas de várias agências e a fita identifica internamente na central de distribuição o responsável pela contagem do dinheiro.

Pelas informações da PF, a maior parte dos R$ 25 mil veio da agência de número 3752 do Bradesco. A reportagem localizou a agência 3752: fica na Rua Camaragibe, 97, bairro Barra Funda, em São Paulo. No endereço funciona uma das sedes da empresa de segurança e de transporte de valores RRJ, que serve de central de distribuição e captação de moedas para bancos. A agência registrada é apenas uma base do Bradesco que presta serviços internos e onde seria impossível fazer saques.

NINGUÉM CONHECE

Outra informação não é suficiente para rastrear a origem do dinheiro e traz dados incorretos diz respeito aos R$ 5 mil que teriam sido sacados de uma agência do Bank Boston na Lapa, também em São Paulo. Segundo os dados da PF, uma caixa de nome Cíntia teria sido a responsável pela entrega do dinheiro.

No local, no entanto, a reportagem apurou não haver nos últimos anos nenhuma funcionária chamada Cíntia.O banco informou, ainda, que os saques no valor de R$ 5 mil não são identificados.

Os R$ 5 mil restantes foram sacados em duas agências do Banco Safra, no Rio e em Mato Grosso do Sul. Em nenhuma das duas o funcionário indicado existe. Uma das agências ainda funciona como posto bancário dentro de uma universidade particular, que atende a funcionários.