Título: Bancos têm sigilo aberto no caso do dossiê
Autor: Mendes, Fausto Macedo Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2006, Nacional, p. A8

A Justiça Federal de Mato Grosso quebrou ontem o sigilo dos bancos Sofisa, Bradesco, Safra e BankBoston para rastrear a movimentação do dinheiro para compra de dossiê contra candidatos tucanos apreendido com petistas no dia 15. A medida permitirá que seja descoberta toda a rede de envolvidos no levantamento de fundos, na compra e na divulgação do dossiê destinado a prejudicar candidatos do PSDB nas eleições de domingo.

A PF descobriu que o Sofisa é o banco paulista que recebeu os dólares, procedentes de um banco de Miami (EUA), usados no pagamento à família Vedoin pelo dossiê antitucano. Dos outros três bancos, saíram os reais.

Por meio de nota, o Sofisa negou que tenha cometido qualquer irregularidade, seja na aquisição ou revenda dos dólares trazidos dos Estados Unidos. Alega ainda que seguiu rigorosamente as normas do Banco Central na operação e não tem controle ou responsabilidade sobre o uso do dinheiro pelos clientes.

Após uma devassa ontem em casas de câmbio, bancos e instituições financeiras de São Paulo, a PF também encontrou a prova definitiva que liga o PT ao R$ 1,75 milhão destinado a pagar à família Vedoin pelo dossiê antitucano. Pelo menos dois emissários designados pelo Diretório Nacional do PT ficaram encarregados de resgatar os dólares nessas casas de câmbio e os reais em agências de três bancos em São Paulo e no Rio. Esses emissários são o elo que faltava para fechar toda a cadeia de comando da operação, apelidada de 'Tabajara' por causa da sucessão de trapalhadas, montada pelo PT para prejudicar candidaturas tucanas.

Agora a PF já tem os nomes de todos os envolvidos na operação de recolhimento do dinheiro R$ 1,16 milhão e R$ 248,8 mil e sua entrega em duas remessas aos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, que acabaram presos com a quantia no Hotel Íbis, em São Paulo, no dia 15.

A divulgação das informações, com os nomes dos responsáveis e a tipificação dos crimes de cada um, ainda depende de uma checagem final que está sendo feita pelo Ministério Público e a PF, além de uma consulta ao juiz federal Marcos Alves Tavares, ao qual o processo está submetido, uma vez que o caso corre sob segredo de Justiça porque envolve o sigilo bancário.

Até agora, sete petistas estão formalmente investigados como suspeitos de envolvimento direto com o escândalo. As diligências de ontem podem levar ao indiciamento de pelo menos outros cinco integrantes do partido. Eles devem responder a processo por crime eleitoral, ocultação de documentos de interesse da Justiça, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O delegado Diógenes Curado e o procurador Mário Lúcio Avelar vão hoje a São Paulo verificar as provas levantadas na devassa realizada pela PF. Eles também vão interrogar Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha do candidato do PT ao governo de São Paulo, senador Aloízio Mercadante. Hamilton intermediou as negociações com a revista IstoÉ para publicação do dossiê e da entrevista dos empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, chefes da máfia dos sanguessugas.