Título: Musharraf: guerra tornou o mundo mais perigoso
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2006, Internacional, p. A15

O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, declarou à TV CNN que foi contra a invasão americana do Iraque e que o conflito 'tornou o mundo mais perigoso' - e fez isso na terça-feira à noite, ao fim de um dia em que o presidente americano e sua equipe esforçaram-se para convencer a população americana de que a guerra não contribui para disseminar a ameaça terrorista, como sugerem trechos de um relatório sobre os efeitos da guerra produzido pelas agências de inteligência do governo. Na semana passada, dois outros episódios já haviam causado mal-estar entre os governantes: primeiro, George W. Bush declarou em entrevista que enviaria tropas ao Paquistão se soubesse que o líder terrorista Osama bin Laden estava escondido lá. A seguir, Musharraf revelou que o governo dos EUA ameaçou bombardear o Paquistão, em 2001, caso seu governo se recusasse a colaborar com a guerra ao terror.

Ontem, Bush procurou baixar a temperatura do conflito entre Musharraf e o presidente afegão, Hamid Karzai, que se acusam mutuamente de fazer pouco para combater a insurgência taleban no Afeganistão - intensificada nos últimos meses. Bush jantou com eles na Casa Branca e pediu-lhes que 'unam estratégias' para combater o terrorismo. 'É necessário cooperar', afirmou o presidente americano.

O ponto de discórdia é uma trégua assinada entre Musharraf e líderes tribais do oeste do Paquistão, em junho. Os taleban estariam usando essa região como base para lançar ataques a províncias afegãs vizinhas. Analistas estimam que os ataques cresceram 300% nos últimos meses. Ontem, forças afegãs e da Otan mataram 25 supostos taleban em Helmand, no sul do país.