Título: Petista recebia salário de R$ 4.515 como assessor do gabinete de senador
Autor: Baraldi, Paulo e Filgueiras, Sônia
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2006, Nacional, p. A10

Hamilton Lacerda, ex-coordenador de comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante ao governo paulista, recebia salário como assessor do Senado até a Polícia Federal descobrir que seu envolvimento na compra do dossiê Vedoin.

A Lei nº 9.504/97 proíbe a utilização de servidor público para comitês de campanha. Em 13 de março, dois meses antes de Mercadante vencer as prévias do PT e se tornar candidato do partido, Lacerda foi contratado pelo Senado para o cargo em comissão, sem concurso público, com salário de R$ 4.515 mensais, para exercer atividades no gabinete de Mercadante.

Na época, o petista já percorria o Estado em busca de votos para vencer Marta Suplicy nas prévias. Lacerda não estava em Brasília. Segundo a assessoria petista, trabalhava no escritório do senador em São Paulo.

Na semana passada, cinco dias depois de a PF ter apontado o envolvimento de Lacerda no episódio do dossiê Vedoin, o boletim administrativo do Senado publicou a exoneração do assessor. Ontem, Mercadante disse que seu trabalho na coordenação da campanha era acompanhar o fechamento dos programas de TV e de rádio, o que era feito à noite. Segundo o candidato, esse trabalho era compatível com outras atividades.

A PF identificou Lacerda como o homem que levou a mala de dinheiro para os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos dia 15 no Hotel Íbis, em São Paulo, com R$ 1,75 milhão que seria usado para comprar o dossiê Vedoin. Lacerda negou ontem que na mala houvesse dinheiro. Segundo peritos da PF que analisaram imagens gravadas pelo circuito interno do hotel, ele esteve no Íbis entre 8h51 e 9 horas entregando uma mala a Gedimar Passos.