Título: Em 1 ano, expectativa de vida sobe 2 meses
Autor: Karine Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2006, Vida, p. A34

A expectativa de vida do brasileiro chegou aos 71,9 anos em 2005, ou seja, aumentou 2 meses e 12 dias - metade do acréscimo registrado em 2004. E a mortalidade infantil baixou menos de 1 ponto porcentual, atingindo a taxa de 25,8 óbitos em cada grupo de mil crianças nascidas vivas. Considerando os últimos cinco anos, os ganhos são mais representativos: 1 ano e 4 meses de acréscimo na idade e uma redução de 14,3% nas mortes registradas em bebês.

Apesar dos indicadores favoráveis, o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarez de Castro Oliveira, considerou que o País poderia ter melhorado ainda mais, e reduzido as desigualdades regionais.

¿As campanhas de vacinação, o aumento do pré-natal, a melhoria do acesso dos serviços de saúde, o incentivo ao aleitamento materno melhoraram a taxa de mortalidade infantil, mas poderia ter havido um declínio maior. Além disso, embora, inegavelmente, a pesquisa mostre que a longevidade está aumentando, ela poderia ser ainda maior ¿, declarou ele, ressaltando as diferenças dos indicadores nos Estados.

No caso da expectativa de vida, Oliveira considerou que ainda existe ¿um fosso abissal¿ separando os brasileiros. Em 1980, uma mulher nascida no Rio Grande do Sul tinha uma expectativa de vida de 71 anos, enquanto um homem em Alagoas, 52,7 anos, ou seja, uma diferença de 18 anos e 3 meses. Vinte e cinco anos depois, a distância ainda é grande: uma mulher que nasceu no Distrito Federal tem uma expectativa de viver até os 78,7 anos, ante 62 anos de um alagoano - diferença, portanto, de 16,7 anos.

A análise do ranking nacional mostra que as posições permanecem praticamente as mesmas de cinco anos atrás, seja em relação à expectativa de vida ou à taxa de mortalidade infantil.

O Rio Grande do Sul lidera a lista, com o menor número de óbitos a cada mil crianças nascidas vivas: 14,3. São Paulo vem logo atrás, com 16,5 mortes. Do lado oposto está Alagoas, onde as mortes chegam a 53,7. O Estado nordestino também apresenta a pior expectativa de vida: 66 anos, bem abaixo da média nacional, de 71,9 anos.

CENÁRIO INTERNACIONAL

Considerando a situação do Brasil dentro do cenário internacional, ainda falta melhorar muito. Embora Oliveira acredite que, no caso da mortalidade infantil, o País vá conseguir atingir os Objetivos do Milênio estabelecida pela Organização das Nações Unidas (reduzir a taxa em dois terços, até 2015), ele destaca que a posição do Brasil ainda está muito abaixo da de vizinhos da América do Sul.

Em comparação com 2004, passamos da 99ª para a 97ª posição no ranking mundial. Em relação à expectativa de vida ao nascer, subimos da 82ª para a 80ª posição. Mas a longevidade do brasileiro poderia ser maior não fossem fatores como violência e acidentes de trânsito, especialmente no caso do grupo jovem masculino.

Por causa disso, há uma diferença na expectativa de vida entre os sexos. Enquanto o grupo masculino atingia 68,2 anos, as mulheres chegavam a 75,8 anos, uma diferença de 7,6 anos.