Título: Ministério quer reduzir infecção de filho pela mãe
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2006, Vida, p. A38

O Ministério da Saúde iniciou uma nova ofensiva para tentar reduzir as taxas de transmissão da aids da mãe para o bebê, durante a gestação, a chamada transmissão vertical.

Embora venha caindo nos últimos anos, a taxa de transmissão vertical no País ainda é considerada alta. Das gestantes soropositivas, 8% transmitem a doença para os filhos. Essa taxa poderia ser 1%, se houvesse tratamento adequado.

A resistência em patamares altos é resultado da falta de assistência no pré-natal, ou um acompanhamento inadequado da gestante. Mesmo recomendado desde 1995, o teste para diagnóstico do HIV durante a gestação ainda é pouco realizado no País, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Estudo apresentado no Boletim Epidemiológico da Aids mostra que na região Norte somente 35,3% das mulheres fazem o exame e ficam cientes do resultado. No Nordeste, o índice é ainda pior: 31,3% das gestantes cumprem todas as etapas necessárias.

Os números gerais do País são um pouco melhores: 65,2% cumprem todas as etapas. O trabalho mostra que, além de 21% das gestantes não terem recebido sequer a oferta da realização do teste, 9% delas fazem o exame, mas não ficam sabendo do resultado. Sem conhecimento da infecção, gestantes não podem ser submetidas ao uso de anti-retroviral, que reduz o risco de contágio para o bebê. Entre as estratégias para tentar melhorar esses índices está o aumento dos testes rápidos em locais de difícil acesso. Eles facilitam o acesso ao exame e garantem que a gestante fique ciente do resultado.

O Ministério da Saúde lançou a meta de reduzir os níveis de transmissão vertical do HIV a menos de 1% e eliminar a sífilis congênita (cujo índice de transmissão também é alto) em todo o País até 2007. O ministério estima que 50 mil gestantes sejam infectadas por sífilis a cada ano. Desse total, cerca de 12 mil nascem com a doença. Mas ela ainda é subnotificada. Em 2005, foram registrados 5.710 casos de sífilis congênita.

Para alcançar as metas, o ministério lançou um documento dirigido a profissionais de saúde, o Protocolo para Prevenção de Transmissão Vertical de HIV. Ele traz orientações sobre como acompanhar gestantes no diagnóstico da aids e sífilis.

O lançamento do protocolo integrou os eventos do Dia Mundial de Luta contra Aids, celebrado ontem. Um dos destaques foi a instalação Contatos, de Bia Lessa, na Esplanada dos Ministérios. Em estacas com faixas vermelhas nas pontas, visitantes podem fazer suas inscrições. O ministro da Saúde, Agenor Álvares, foi um dos que deixou seu nome na instalação.

À noite, estava previsto que o Congresso Nacional, pela primeira vez em sua história, apagaria suas luzes até meia-noite. Durante esse período seria projetada a frase ¿Eu me escondia para morrer, hoje me mostro para viver¿ nas cúpulas do Senado e da Câmara.