Título: BNDES eleva crédito para exportações
Autor: Puliti, Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2006, Economia, p. B3

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Demian Fiocca, disse que o financiamento à exportação pela instituição cresceu 28% em 2006, até os últimos dias deste mês, em dólares, ante o mesmo período do ano passado. Em reais, esse crescimento foi de 12%. Ainda faltam ser contabilizados os dados de ontem, mas Fiocca acredita que essas variações serão confirmadas.

Ele citou os valores em seu pronunciamento na cerimônia do prêmio Análise-FIA de Comércio Exterior, em São Paulo, para contestar a opinião corrente entre analistas de que a pauta de exportações brasileiras está concentrada. 'Esses números mostram que há falta de sintonia sobre o que acontece com o comércio exterior. Os números mostram que esse não é o retrato que o BNDES tem do comércio exterior. O Brasil tem diversificado sua pauta.'

Fiocca afirmou que no terceiro trimestre os desembolsos totais do banco cresceram 17% sobre igual período de 2005. No trimestre anterior, a alta havia sido de 9%, mas, no primeiro trimestre, houve queda de 20% nos desembolsos totais. 'Ficou comprovado que o que aconteceu nos primeiros meses do ano foi um ponto fora da curva e não uma tendência de queda de investimentos. O setor privado continua investindo fortemente, sobretudo a indústria e os setores de infra-estrutura e insumos básicos', disse o presidente do BNDES, ressaltando que a expectativa para o quarto trimestre é de incremento dos desembolsos.

Ele disse 'sentir que logo teremos boas notícias sobre a questão cambial'. Mas emendou que a novidade não virá da política monetária brasileira, mas da China. Fiocca está seguro de que Pequim terá de valorizar sua moeda, o yuan, porque o mecanismo que sustenta a moeda no atual patamar é absolutamente artificial.

'Não há como dizer que o câmbio não é artificial, pois, se fosse flutuante, o yuan teria se valorizado com tanta entrada de dólares. Em algum momento, a China terá de fazer uma correção cambial.' Para ele, a competitividade da China sobre o Brasil é artificial, porque o País tem melhores infra-estrutura, ambiente de negócios, governabilidade e instituições.