Título: CVM apura alta de ação da Eletrobrás
Autor: Mônica Ciarelli
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2006, Economia, p. B14

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pediu explicações à Eletrobrás sobre a proposta de venda de parte das ações do governo no controle da companhia. O projeto já foi entregue ao Ministério de Minas e Energia, mas a companhia ainda não havia divulgado fato relevante sobre o assunto. Pelas regras da CVM, a empresa tem de comunicar ao mercado qualquer informação que possa influenciar na cotação dos papéis negociados em bolsa de valores ou na decisão de investimentos de acionistas.

Na quarta-feira, o presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos, confirmou que até 20 de dezembro estaria pronto o desenho final do projeto de transformar a holding estatal de energia elétrica em uma espécie de 'Petrobrás do setor'.

Ontem, a estatal divulgou comunicado informando que 'não existe nenhum estudo no âmbito da Eletrobrás relativo à redução da participação acionária da União no capital da empresa'.

A proposta prevê a venda de parte das ações do governo na Eletrobrás, a exemplo do que já foi feito pela União com sua fatia acionária na Petrobrás. A confirmação da possibilidade de o governo oferecer ações da holding fez os papéis da companhia negociados na Bolsa de Valores de São Paulo dispararem na quarta-feira, quando os papéis fecharam em alta de mais de 8%.

A União detém 46% do capital da Eletrobrás, outros 12% estão em poder da BNDESPar, além de 8% em poder de outros órgãos do governo, restando 34% para o setor privado. A intenção é montar uma estrutura semelhante à da Petrobrás, em que a União controla a empresa através de ações ordinárias e as ações preferenciais são vendidas a outros investidores.

A flexibilização das operações da Eletrobrás deverá ocorrer ainda pela permissão de contratação de novos financiamentos, além da formação de Sociedades de Propósito Específico (SPE), com a estatal sendo majoritária no capital. A Eletrobrás tem patrimônio líquido de R$ 77 bilhões e índice de endividamento de 7%. 'Podemos captar recursos para alavancar os investimentos de que o setor elétrico precisa.' A Eletrobrás investe R$ 5,2 bilhões por ano e precisará duplicar esse valor para atender novos investimentos.