Título: Fiat e Ford vão usar ociosidade de fábricas argentinas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2006, Economia, p. B3

Montadoras analisarão a alternativa antes de fazer investimento na ampliação de filiais brasileiras

Montadoras que operam no limite da capacidade produtiva, como a Ford na Bahia e a Fiat em Minas Gerais, devem aproveitar a ociosidade em fábricas da Argentina em vez de ampliar as filiais brasileiras. A nova estratégia é dividir investimentos em unidades da América do Sul e evitar que uma opere a todo vapor enquanto outra tem espaço sobrando.

A Ford opera no limite na unidade de Camaçari (BA), onde são feitos o Fiesta e a EcoSport. Em dois turnos, a linha pode produzir anualmente 250 mil veículos. Para aumentar o volume, a empresa teria de investir em novos equipamentos e pessoal. Segundo o novo presidente da montadora no Brasil, Marcos de Oliveira, que assumiu o cargo ontem, no curto prazo não há planos de ampliação.

A empresa está investindo R$ 300 milhões na unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que hoje produz perto de 60 mil veículos numa linha com capacidade para 200 mil. 'Com o novo produto que vamos lançar em 2008 esperamos chegar perto dessa capacidade', disse o presidente da Ford para a América do Sul, México e Canadá, Dom DiMarco.

Outra opção, informou DiMarco, é usar a fábrica de Pacheco, na Argentina, que tem a mesma capacidade produtiva do ABC, também subutilizada. Lá são produzidos o Focus e a picape Ranger. 'Não temos ainda nenhum projeto definido para a unidade argentina, mas avaliamos oportunidades', disse.

A Fiat também opera em capacidade plena de 2,3 mil veículos ao dia na fábrica de Betim (MG), com dois turnos na linha de montagem e três na funilaria. Com um terceiro turno na linha a produção pode crescer em 300 unidades/dia.

Segundo o presidente da Fiat, Cledorvino Belini, 'antes de qualquer novo investimento na expansão em Minas, a opção será reativar a fábrica de Córdoba'. A planta tem capacidade para 150 mil veículos ao ano e já produziu os modelos Siena e Prêmio. Ela foi desativada em 1999 e hoje produz motores e caixas de câmbio para modelos feitos no Brasil e na Itália.

Um acordo que está em vias de ser concluído entre a Fiat e a indiana Tata prevê a produção anual, na Argentina, de 25 mil picapes médias para o mercado brasileiro. Ainda assim, sobrará espaço para reativar a produção de carros da própria Fiat.

TROLLER

A fábrica da Ford ABC produz os modelos Ka e Courier, além das picapes F-250 e caminhões, em uma estrutura independente. O novo carro, possivelmente um compacto mais barato que o Fiesta, deve ter grande volume de produção para ajudar a marca a ampliar sua fatia de mercado no País, hoje de 12%. A produção começa no fim de 2007 e as vendas no ano seguinte.

Embora faça segredo, a Ford negocia a compra da Troller, montadora de veículos especiais do Ceará. 'Não vamos comentar nada até termos uma decisão', disse Oliveira. Segundo informações do mercado, a Ford aguarda aval do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para a transferência de incentivos fiscais da Troller obtidos no âmbito do regime automotivo especial para montadoras que se instalaram naquela região.