Título: Discussão sobre abertura de mercados fica para 2007
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2006, Economia, p. B10

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, dá praticamente por encerrada qualquer possibilidade para que as negociações para a abertura de mercados sejam retomadas neste ano em Genebra. 'Ainda não temos nenhum sinal de flexibilidade por parte dos países e minha esperança é que isso possa acontecer no primeiro mês de 2007', afirmou Lamy.

O francês suspendeu o processo em julho diante da falta de acordo entre os principais países, entre eles Brasil, Estados Unidos, União Européia, Índia e Japão.

Algumas tentativas foram feitas por negociadores nas últimas semanas para que o processo pudesse ser retomado. Mas nenhuma delas apresentou sugestões que tenham convencido os países.

Em algumas delas, o objetivo era a de conseguir que os Estados Unidos aceitassem um corte maior de seus subsídios domésticos para o setor agrícola. Se isso ocorresse, os europeus estariam dispostos a reduzir de forma mais drástica suas tarifas de importação para bens industriais.

Mas a Casa Branca deixou claro que não teria condições de aceitar a proposta e pediu que Lamy nem voltasse a marcar uma nova reunião ministerial até o fim de 2007.

Agora, todas as fichas estão sendo depositadas no encontro entre ministros que ocorre no fim de janeiro, em Davos. Durante o Fórum Econômico Mundial, os governos pretendem se reunir e avaliar o que poderá ser feito para que a Rodada Doha não seja declarada suspensa até 2009. 'Teremos de discutir em Davos como e quando terminaremos a rodada', afirmou Kamal Nath, ministro da Indústria da Índia.

Um dos problemas é que o governo americano tem uma autorização de seu Congresso para negociar apenas até meados de 2007. Se não houver avanços no processo da OMC, os parlamentares dos Estados Unidos, hoje de maioria Democrata, poderão vetar o poder do presidente George W. Bush para manter as negociações comerciais. Nesse caso, o processo somente seria retomado na OMC em 2009.

'Os negociadores já começaram a olhar seriamente sobre quais serão os custos de um fracasso', alertou Lamy, indicando que quem mais perderá será o bloco de países em desenvolvimento.