Título: Superávit da balança comercial é o menor desde maio deste ano
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2006, Economia, p. B10

O saldo da balança comercial em novembro, de US$ 3,194 bilhões, foi o menor desde maio deste ano. É a comprovação de que as importações vêm crescendo acima das exportações. Chegaram ao mês passado com uma média diária de US$ 433,6 milhões, recorde no País. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior já admite que o valor das importações deverá romper, no ano que vem, a barreira dos US$ 100 bilhões.

Segundo o secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, o avanço das compras do Brasil no exterior reflete a valorização cambial. Ele destaca, contudo, que itens ligados à produção e investimentos são a maior parte das importações. Assim, matérias-primas e bens intermediários representaram 51,6% das importações de janeiro a novembro e bens de capital, 20,8%.

Ele reconhece, também, que há significativo crescimento na importação de bens duráveis (55,1%), com destaque para automóveis, cujo crescimento já alcança 130,2% no acumulado de 11 meses. 'Qualquer importação é positiva', comentou o secretário. De acordo com ele, assim como a compra de bens de capital permite a expansão e aperfeiçoamento da capacidade produtiva brasileira, a de produtos finais favorece o consumidor.

O secretário também afirma que, além do câmbio, o crescimento da demanda interna exige maior importação de mercadorias. E quanto maior a importação menor a pressão sobre o câmbio, acrescenta Meziat. Na prática, o aumento resulta na saída de mais dólares para pagar as compras no exterior, o que tende a equilibrar o câmbio.

Apesar do crescimento de 25,6% das importações de janeiro a novembro deste ano - acima do crescimento de 16,6% nas exportações - o saldo comercial em 11 meses ainda apresenta um ligeiro crescimento, de 1,7%.

Como o valor das vendas externas (US$ 125,236 bilhões, até novembro) ainda é bem maior do que o das importações (US$ 84,162 bilhões), o crescimento absoluto das exportações foi um pouco maior.

Os técnicos do ministério calculam que as exportações baterão US$ 135 bilhões este ano, enquanto a estimativa para as importações é de US$ 91 bilhões. Para a Fundação Centro de Estudos para o Comércio Exterior (Funcex), os resultados positivos da balança comercial têm de ser analisados com realismo. 'O que o Brasil teve de vantagem e oportunidade este ano foi acidental. Os preços melhoraram muito, o que nos garantiu um desempenho muito bom', diz Roberto Gianetti da Fonseca, presidente da Funcex.

O crescimento de 16% das exportações, diz embute um aumento de 12% nos preços e de 3,5% na quantidade. De acordo com Gianetti, a expansão das exportações, em volume, está abaixo do crescimento do comércio mundial, atualmente em torno de 8%. Como não há garantia de que os preços vão continuar subindo e de que haverá expansão nas quantidades exportadas, o empresário estima que o desempenho da balança comercial em 2007 pode ser muito fraco.