Título: PF prende petista de novo em Minas
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2006, Nacional, p. A14

Sob a acusação de que estaria coagindo testemunhas, o advogado tributarista e deputado federal eleito pelo PT-MG, Juvenil Alves, voltou a ser preso ontem pela Polícia Federal (PF), em Belo Horizonte. A Justiça Federal decretou sua prisão preventiva e de mais oito suspeitos de envolvimento com um esquema de crimes financeiros que teriam causado prejuízo de pelo menos R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Os acusados foram presos dia 23, na Operação Castelhana da PF.

Juvenil e os suspeitos haviam deixado a carceragem da PF no início da madrugada de anteontem, depois que a juíza da 4ª Vara da Justiça Federal na capital mineira, Adriane Luísa Vieira Trindade, indeferiu o pedido de prorrogação da prisão temporária.

A mesma juíza, porém, aceitou a solicitação de prisão preventiva feita na noite de anteontem pelo Ministério Público Federal (MPF). O procurador da República Rodrigo Leite Prado fundamentou-se em informações da PF de que os investigados - todos ligados ao escritório de Juvenil -, logo após serem colocados em liberdade, estariam orientando co-autores dos crimes nos depoimentos que seriam prestados ontem no inquérito policial.

'Estavam tentando forçar os demais co-autores, os laranjas, a prestarem depoimentos na forma que interessava à quadrilha', disse o procurador. 'Teve sinais de que houve a coação e aí a juíza decidiu decretar a preventiva', reforçou o delegado de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da PF em Minas, Jader Lucas.

O deputado petista eleito e outras seis pessoas foram presas em Belo Horizonte. Dois suspeitos foram presos em São Paulo. Juvenil é apontado pela PF e MPF como articulador do esquema criminoso.

A partir de seu escritório de advocacia, na capital mineira, e articulado a uma rede de advogados, prestaria serviço de blindagem patrimonial a grupos empresariais, que consistiria na abertura de empresas offshore no Uruguai e na Espanha em nome de laranjas. O objetivo seria ocultar valores e bens das empresas e empresários, para evitar que estes fossem alvos de execuções judiciais.

O advogado Renato Moreira, que coordenou a campanha de Juvenil, disse que a defesa só irá se manifestar hoje. 'Não tivemos acesso aos mandados e nem à decisão', afirmou.

INTERPOL

A Justiça Federal expediu na semana passada 21 mandados de prisão temporária durante a Operação Castelhana. A PF vai solicitar a ajuda da Interpol para a prisão de quatro dos seis ainda foragidos. Eles trabalhariam em São Paulo, mas teriam residência no Uruguai.

Os suspeitos, entre advogados, empresários e contadores, estão sendo investigados pelos crimes de estelionato e evasão de divisas, entre outros.