Título: Investimento ajudou o PIB do 3º trimestre
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/11/2006, Economia, p. B8

Os investimentos deverão puxar o crescimento entre 2,9% e 4% estimado pelo mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2005. O dado vai ser divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As projeções são de expansão entre 6,6% e 8,7% para o investimento no período. Analistas ponderam que a base de comparação no ano passado foi baixa e uma parte da construção computada no indicador é voltada a residências e não a unidades produtivas.

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tem acesso aos dados com antecedência, afirmou que 'os investimentos cresceram bastante no trimestre'.

Quatro consultorias e institutos consultados pelo Estado estimam que os investimentos crescerão mais que o PIB. As projeções para os investimentos, que aparecem sob o nome de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), são as seguintes: Corretora Convenção, 6,6%, Rosemberg & Associados, 6,8%, MB Associados, 7,6% e Ipea, 8,7%. Já as projeções de crescimento do PIB para o período foram compiladas junto a instituições do mercado.

'Será um crescimento bom (dos investimentos), mas isso tem de ser relativizado por conta do terceiro trimestre do ano passado, que foi muito ruim', disse o economista da MB Associados, Sergio Vale. No terceiro trimestre de 2005, os investimentos tiveram queda de 2,1% em relação ao ano anterior. A FBCF inclui, basicamente, construção civil e máquinas e equipamentos. Este ano, a produção de bens de capital (máquinas para a fabricação de produtos) cresceu 5% até setembro.

Na construção civil, o crescimento é forte, mas concentrado na parte residencial. 'Nos dados da FBCF muita coisa é voltado para residências. Além disso, na parte de máquinas e equipamentos, entra a produção local mais importação de bens de capital, menos as exportações desses equipamentos. Tem havido substituição de produção interna por itens importados', alerta Vale. Para o ano, a MB Associados projeta crescimento de 2,7% do PIB e de 6,3% dos investimentos.

Consultorias e institutos projetam que os investimentos avançarão este ano mais que a economia em geral. Esse avanço deverá gerar aumento da taxa de investimento, mas não o suficiente para a taxa ficar distante de 20%. A Rosemberg & Associados estima que a taxa sairá dos 19,9% do ano passado para 20,5% este ano. Projeções do Ipea indicam que para o Brasil crescer de forma sustentada perto dos 5% ao ano seria necessária uma taxa de investimento de pelo menos 25% do PIB.

'O investimento está crescendo mais que o PIB, isso é bom, mas não tanto mais quanto deveria', alerta o economista chefe da Corretora Convenção, Fernando Montero. Ele ressalta que, apesar de a variação do investimento preponderar no ano, a maior contribuição para o crescimento deverá vir do consumo das famílias, que tem o maior peso relativo no PIB, ao redor dos 55%.