Título: PMDB aprova adesão e espera cinco ministérios
Autor: Samarco, Christiane e Fontes, Cida
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2006, Nacional, p. A8

Bastaram duas horas de sessão com plenário esvaziado para que o Conselho Político do PMDB aprovasse, por aclamação, a adesão do partido ao governo. Em retribuição, espera ganhar o comando de cinco ministérios na equipe que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva monta para seu segundo mandato.

Embora o partido tenha dado uma demonstração inédita de unidade em favor do Planalto, a decisão não foi unânime: o diretório de Pernambuco, liderado pelo senador eleito Jarbas Vasconcelos, votou contra, e o diretório no Acre absteve-se. Ninguém falou em cargos na reunião, mas o entendimento geral é de que, aprovada a idéia da coalizão proposta pelo Planalto, está dada a largada para a negociação oficial do espaço de poder que caberá ao PMDB na Esplanada dos Ministérios.

O presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), condicionou o apoio ao governo ao cumprimento dos sete pontos da agenda apresentada por Lula - que inclui as reformas política e tributária, o crescimento econômico de 5% ao ano e a criação de um conselho político da coalizão. Mas a manutenção do consenso no PMDB dependerá mesmo da montagem do novo ministério.

O partido espera manter as duas pastas que comanda (Minas e Energia e Comunicações) e retomar o Ministério da Saúde, que avaliam ter perdido com a saída do deputado Saraiva Felipe (MG). É preciso ainda acertar a partilha de cargos entre as bancadas na Câmara e no Senado.

Um dos cenários em discussão prevê que o PMDB do Senado fique com os dois ministérios que já tem: Minas e Energia, da cota de José Sarney (AP), e Comunicações, dirigido por Hélio Costa (MG). A briga maior será travada entre os deputados, que sonham em ter três ministérios, entre Cidades, Saúde,Transportes e Integração.

Admitem se contentar com duas pastas, apenas na hipótese de a bancada, majoritária na Câmara, vir a ocupar a presidência da Casa. Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) é o mais cotado para o posto.

Líderes de todas as alas do partido deixaram claro na reunião do conselho que a parceria aprovada ontem é direta com Lula, e não com o PT, e que terá validade até 2010, quando o partido pretende lançar candidato próprio na corrida presidencial.

Para evitar que a votação se estendesse além dos sete pontos da agenda mínima da coalizão, ficou acertado que as sugestões apresentadas para detalhar e melhorar a proposta serão organizadas e levadas a Lula mais adiante.

O conselho inclui a Executiva Nacional do partido e seus ex-presidentes, além dos governadores e dos presidentes dos diretórios estaduais. São ao todo 60 participantes, mas só 45 compareceram à reunião. A maioria dos parlamentares não apareceu.

O grupo dissidente do Senado, composto por seis parlamentares, reuniu-se no gabinete de Garibaldi Alves (RN) antes da reunião. Embora tenham reafirmado a postura de oposição ao governo, apenas Jarbas protestou contra a coalizão ontem.