Título: Lula supera FHC. Por pouco
Autor: Gobetti, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2006, Economia, p. B3

A economia brasileira deverá fechar o governo Lula com uma taxa média de crescimento de no máximo 2,7% ao ano, caso se confirmem as projeções superotimistas da equipe econômica, de que o Produto Interno Bruto (PIB) avançará 3,2% neste ano. Esse ritmo é um pouco superior ao obtido nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso (2,32%), mas bem inferior aos 4,4% que a economia global deve crescer entre 2002 e 2006.

Caso a economia brasileira cresça apenas os 2,7% que o mercado está esperando, a taxa média do quadriênio petista ficará em 2,6%. Essa taxa é quase a metade do ritmo da atividade econômica do resto do mundo, que ajudou o PIB brasileiro a se expandir por meio das exportações nos últimos três anos. Não fossem os ventos da economia mundial, o desempenho brasileiro provavelmente teria sido ainda mais medíocre.

No período do governo FHC, a economia mundial cresceu a uma taxa de 3,62%. Ou seja, o governo tucano também obteve um desempenho inferior ao resto do mundo. Foram 2,56% no primeiro mandato, no início do Plano Real, e apenas 2,09% no segundo mandato, quando a economia foi abatida por duas crises internacionais.

Até a crise dos anos 80, o Brasil sempre cresceu mais do que o mundo. Na década de 70, por exemplo, a expansão média chegou a 8,75% ao ano. Agora, a meta mais ousada do governo é crescer 5% e mesmo dela o País está distante - no meio do caminho, para ser mais preciso.

Comparando com as economias latino-americanos, o vexame brasileiro fica ainda mais nítido: a Argentina cresceu 9,01%, em média, entre 2002 e 2005; o Chile, 5,47% e o México, 2,79%. Entre os principais países desenvolvidos, apenas Itália, Alemanha e França apresentam taxa de crescimento menor do que a brasileira.

Estudo do Banco WestLB mostra que o Brasil cresceu acima da média mundial em todos os anos da década de 70. Nos anos 80, porém, em apenas três anos a expansão brasileira superou a média do planeta. Na década de 90, o País avançou mais do que o mundo em duas ocasiões. No novo milênio, até agora, o Brasil sempre esteve abaixo da média mundial.