Título: Para analistas, 2007 repetirá 2006
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2006, Economia, p. B5

As perspectivas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) em 2007 não diferem muito do resultado esperado para este ano, na avaliação de algumas das principais empresas de consultoria do País. Ao contrário do governo, que trabalha para garantir uma expansão de 5%, os analistas não vêem espaço para crescimento superior a 3,3%.

'A gente acha que é possível crescer mais, até 4% ou 4,5%, com medidas de estimulem a demanda agregada, como o afrouxamento da política monetária, mas isso não seria sustentável', diz Celso Fonseca, economista-chefe da MCM Consultores. 'É possível, mas muito pouco provável', pondera. Ele aposta numa taxa de 3,3% para 2007.

O cenário para o ano que vem não é muito diferente do atual, porque justamente o consumo das famílias e o resultado líquido do comércio exterior (exportações menos importações) devem ter crescimento inferior ao de 2006. 'As importações devem continuar crescendo mais rapidamente que as exportações e a expectativa de consumo das famílias pode ser um pouco menor por conta dos menores estímulos de renda', afirma o economista Sergio Vale, da MB Associados.

Para turbinar o crescimento de forma não inflacionária, o economista Guilherme Maia, da Tendências Consultoria Integrada, diz que o governo precisa estimular os investimentos. Para ele, não basta apenas dar incentivos localizados para setores intensivos em mão-de-obra, como o governo tem feito.

'Se não houver diminuição da carga tributária nem redução dos gastos públicos, alguém vai ter que pagar a conta desses incentivos e, nesse caso, o resultado seria um zero a zero', explica.'O governo deveria lançar mão de uma estratégia mais geral para estimular o ambiente de negócios', defende o economista da Tendências, que trabalha com a perspectiva de crescimento de 2,9% em 2007.

Nesse sentido, Sergio Vale, da MB, observa que a discussão sobre os marcos regulatórios e as incertezas em torno da interferência política sobre as agências de regulação causam insegurança para os investidores, tanto externos quanto internos.

'Além disso, as sinalizações que o governo tem passado em termos fiscais não vão de encontro ao crescimento de 5%', afirma o economista. 'Ao contrário, fortalecem nossa perspectiva de crescimento de 2,8%'.

Para Vale, se não houver sinalizações mais importantes de mudança, esse crescimento deve continuar rondando os 3% nos próximos anos. 'O preço de não se fazer as reformas será pago com o baixo crescimento'.

Para piorar, o sinal da última reunião do Comitê de Política Monetária foi de que as reduções da taxa básica de juros devem ser mais brandas no início de 2007, diz o economista-chefe do Instituto de Estudos para o desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira. 'Para acelerar o crescimento, o juro tem que cair mais rapidamente e o governo precisa dar sinalização mais efetiva na linha de retomada dos investimentos públicos.'