Título: Lula recebe esquerda e finaliza base
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2006, Nacional, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma semana decisiva para fechar a coalizão de partidos que vai fazer parte de seu segundo governo. A série de reuniões partidárias começa hoje, num encontro com os dirigentes do PC do B e do PSB para convidá-los, formalmente, a integrar a aliança governista e a base de apoio no Congresso.

Na prática, os dois partidos já participam do governo e vão confirmar ao presidente que permanecerão ao seu lado no novo mandato. Seus dirigentes conversaram durante o fim de semana e concordaram que devem continuar no governo. Segundo informação de um dos integrantes da cúpula do PC do B, as duas legendas consideram que podem ajudar o presidente Lula pelo lado da esquerda, visto que a aliança integra também partidos de centro, como o PMDB, e de centro-direita, como o PP.

O PC do B se dá por satisfeito com o Ministério do Esporte. Espera ainda manter a presidência da Câmara, cujo titular, Aldo Rebelo (SP), tem o apoio do presidente Lula para se reeleger. Os socialistas, por sua vez, lutam para manter o Ministério da Ciência e Tecnologia, o qual comandam desde o início do governo petista.

Nesta semana, o PP e o PL também deverão se reunir com o presidente Lula. O primeiro tem como meta manter o domínio sobre o Ministério das Cidades. A pasta é cobiçada não apenas pelo Orçamento de R$ 2,61 bilhões para 2007, mas porque administrará os quase R$ 20 bilhões da Caixa Econômica Federal previstos para saneamento e habitação. O PL, que tem sob sua jurisdição o Ministério dos Transportes, também não pretende abrir mão do posto.

'CASAMENTO'

Na semana passada, o PMDB disse sim ao convite de Lula e passou a integrar a futura coalizão. O partido já tem três ministérios gigantes: Saúde, Minas e Energia e Comunicação. Quer mais três, porque possui as maiores bancadas na Câmara e no Senado.

O PDT, que esteve na oposição a partir da segunda metade do primeiro governo de Lula, foi convidado a também integrar a coalizão e tende a aceitá-la. Seus dirigentes informaram que a reunião da Executiva Nacional que vai decidir se o partido fará ou não parte do governo Lula será feita na quarta-feira pela manhã, em Brasília.

O presidente da legenda, Carlos Luppi, afirmou que o natural é o PDT voltar a ter uma aliança com o PT, pois são velhos parceiros. O líder do partido na Câmara, Miro Teixeira (RJ), acha o mesmo. Ele tem certeza de que o partido sairá unido da reunião da quarta-feira. 'Vamos buscar uma proposta unitária, porque temos a preocupação de sempre pensar na unidade do partido', disse.

O PV, que elegeu 13 deputados, também foi convidado pelo governo a participar da coalizão. Os dirigentes e boa parte da bancada são favoráveis à aliança com Lula. Mas o deputado Fernando Gabeira (RJ) tem trabalhado contra ela.