Título: Empresas sonham em regular oferta mundial de aço
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2006, Negócios, p. B10

A concentração de indústrias do setor siderúrgico tem um grande objetivo: aumentar o controle que as empresas têm sobre a produção mundial de aço. As siderúrgicas querem regular a produção para atravessar os períodos de baixa demanda sem excesso de oferta e queda de preços.

'Uma companhia com 50 altos-fornos em todo o mundo precisa fazer manutenção e pode, assim, regular mais facilmente a oferta, manejando a produção de um lugar para outro', explica Stefano Rony, gerente de Relações com Investidor das Américas da Arcelor Mittal, a maior siderúrgica do mundo, responsável agora por 10% da oferta mundial de aço, cerca de 120 milhões de toneladas.

O fiel da balança no mercado mundial é a China, que hoje é responsável não só por grande parte da demanda internacional como também pela produção. A capacidade de produção de aço dos chineses cresce sem parar. Entre janeiro e setembro deste ano, a China produziu 308,4 milhões de toneladas, 18,4% além do que em 2005.

Uma redução da demanda chinesa pode levar a um excesso de oferta no mercado mundial. 'Isso atingirá as usinas que têm poucos altos-fornos. Essas terão de manter a produção e vender a preço de custo no mercado internacional', diz Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS).

A expectativa é que a produção de aço no Brasil também cresça. Apenas os investimentos de usinas já existentes vai elevar a capacidade atual de 36,6 milhões para 43,9 milhões de toneladas, até 2010. A capacidade pode alcançar os 50,4 milhões de toneladas também em 2010 com a construção de novas usinas. A alemã ThyssenKrupp, em parceria com a Companhia Vale do Rio Doce, vai produzir 5 milhões de toneladas de produto semi-elaborado para exportação no Rio de Janeiro. Além desse, a Ceará Steel pode produzir ainda 1,5 milhão de toneladas, projeto sob risco por falta de gás natural.

O IBS informa que existem projetos em estudo para depois de 2010, embora nenhum deles tenha sido confirmado. Se forem somados estes projetos, a expansão pode chegar a 25 milhões de toneladas, o que elevaria a produção a 75 milhões de toneladas por ano.