Título: Presidente quer fim dos palanques e promete verba
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2006, Nacional, p. A10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou ontem a conversar oficialmente com governadores para garantir a governabilidade no segundo mandato e minimizar as pressões por indicações nos ministérios.

Ao receber os eleitos de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), no Palácio do Planalto, ele prometeu negociar repasse de verbas para obras de transporte público, segurança e infra-estrutura nos Estados em troca do 'desmanche' dos palanques eleitorais.

A princípio, Lula retoma contato por telefone com governadores aliados ou com quem mantém bom relacionamento, como os tucanos Aécio Neves, de Minas Gerais, e Cássio Cunha Lima, da Paraíba. Depois dessa fase de conversas, o presidente já avisou que fará reunião com os 27 eleitos, incluindo os da oposição. Só então é que Lula deverá fechar a nova equipe ministerial, definindo a participação de cada partido aliado no governo.

A reunião com todos os governadores, nos moldes dos encontros que teve no início de seu primeiro mandato, será realizada depois de um descanso de alguns dias de Lula - o local e a data não estão fechados. 'O presidente quer transformar a vitória em distensão', contou Campos, em entrevista ao final da conversa em que pediu empenho na construção de uma refinaria de petróleo em Pernambuco. Campos disse ainda que Lula poderia acirrar o clima político, já que venceu com 'enorme' vantagem de votos, mas que agora é preciso 'desmontar os palanques', porque 'é hora de administrar.'

Tanto o governador eleito de Pernambuco como o do Rio afinaram o discurso de que não estariam preocupados com cargos no primeiro escalão do governo federal. 'O PMDB quer um pacto federativo', desconversou Cabral. Depois de relatar que Lula se comprometeu a mandar verbas, por exemplo, para ampliar a linha do metrô e avançar nas obras dos jogos Pan-Americanos, o governador eleito disse sair convicto de que o presidente quer o entendimento com todos os partidos.

Nas conversas, Lula voltou a se queixar de declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 'Ele não está se comportando como ex-presidente', lamentou, para então perguntar a Campos se as respostas dadas a críticas de FHC tinham sido adequadas - o governador eleito respondeu que sim.