Título: Líderes xiitas são seqüestrados no Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2006, Internacional, p. A20

Depois de caírem em uma emboscada, 42 iraquianos de origem xiita foram seqüestrados ontem em uma estrada na região de Al-Tarmiya, a 30 quilômetros ao norte de Bagdá.

Segundo a polícia iraquiana, o grupo foi capturado quando os veículos em que viajavam foram obrigados a parar em um falso posto de controle. Em seguida, eles foram atacados por homens armados. Não havia pistas sobre o paradeiro do grupo até a noite de ontem.

Entre os seqüestrados há líderes tribais das cidades de Balad e Dujail - na província de Salahadin -, enclaves xiitas rodeados por uma população de maioria sunita. Eles estavam a caminho de Bagdá, onde se reuniriam com o primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki.

Há duas semanas, Balad (a 80 quilômetros da capital) foi palco de um sangrento confronto sectário entre xiitas e sunitas, no qual mais de 100 pessoas foram seqüestradas e assassinadas. O conflito também obrigou centenas de famílias sunitas a fugirem de suas casas.

O banho de sangue fez com que tropas americanas voltassem à cidade, cujo controle já havia sido passado às forças iraquianas. Os incidentes, juntamente com o megaseqüestro de ontem, evidenciam que as autoridades iraquianas e o comando militar americano não estão conseguindo controlar a violência sectária no país.

Nos veículos capturados ontem havia também habitantes de Dujail, onde tropas de Saddam Hussein teriam matado 148 xiitas em 1982. É por esse crime que o ditador está atualmente sendo julgado e deve ouvir o veredicto no próximo dia 5.

ATENTADO EM CASAMENTO

Enquanto as tropas americanas retiravam suas barreiras do distrito de Cidade Sadr (leia ao lado), um carro-bomba explodiu a poucos quilômetros dali. O atentado, em frente a uma casa onde ocorria uma festa de casamento, deixou ao menos 15 mortos, incluindo quatro crianças, e mais de 30 feridos.

Militares dos EUA anunciaram ontem que mais dois soldados morreram no Iraque, elevando para 103 o número de baixas americanas em outubro. Foi o mês mais violento para as tropas do país neste ano e o quarto pior desde a invasão, em março de 2003.

O secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, disse que aprovará proposta para ampliar a força de segurança iraquiana, atualmente com 310 mil oficiais. A meta atual dos EUA é treinar mais 15 mil soldados iraquianos até o fim do ano, mas militares americanos no Iraque já solicitaram um aumento deste efetivo.

Segundo a TV americana CBS, o general George Casey - principal comandante dos EUA no Iraque - vai recomendar que mais 100 mil iraquianos sejam treinados.