Título: Governadores definirão que PMDB Lula vai ter
Autor: Cioccari, Vanice
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/11/2006, Nacional, p. A6

Os governadores do PMDB e o presidente nacional do partido, deputado Michel Temer, vão se reunir na sexta-feira, em Florianópolis, para discutir e definir uma ¿posição unitária¿ em relação ao segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O partido terá, em 2007, sete governadores, dos quais dois estarão no primeiro mandato - Sérgio Cabral, no Rio, e André Puccinelli, em Mato Grosso do Sul. Temer descartou a hipótese de que poderia assumir uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e defendeu a presidência da Câmara para o PMDB. ¿O PMDB tem de buscar a presidência. Fez a maior bancada.¿

Interlocutores do governo Lula acenaram na semana passada com a possibilidade da indicação do deputado peemedebista para o STJ numa tentativa de desencorajá-lo a disputar a presidência da Câmara, cargo que já exerceu por duas vezes, no período do governo Fernando Henrique Cardoso. ¿É muito honroso ser presidente da Câmara. Mas essas coisas não se postulam, acontecem¿, afirmou o presidente do PMDB, numa indicação de que quer ¿acontecer¿ e voltar ao comando da Casa.

Ao descartar a possibilidade de ir para o STJ, Temer disse que já recusou a proposta no começo da atual gestão federal e estaria impedido de se tornar ministro por causa da idade. ¿Há três anos, emissários do governo me ofereceram e eu não quis. Hoje cheguei aos 65 e, pela Constituição, não poderia ser ministro¿, ressaltou. ¿Além disso, não quero porque poderia parecer barganha.¿ Historicamente alinhado ao PSDB, o deputado prega agora uma coalizão com visão parlamentarista. ¿Na minha cabeça, coalizão é programática, governamental e não - como é na cabeça de muitos - administrativa, por cargos¿, observou, sem mencionar nomes.

O presidente do PMDB e o governador reeleito de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, apoiaram o tucano Geraldo Alckmin nas eleições presidenciais e são os articuladores da reunião de governadores nesta semana. ¿Eu sempre trabalhei pela independência do partido¿, afirmou Temer, acrescentando que quer ouvir todos os líderes do partido.

O quadro entre os governadores é emblemático da divisão da legenda. Luiz Henrique se mostra mais inclinado a ser oposição ao governo Lula ou, pelo menos, independente. Ainda assim, diz-se disposto a acatar a decisão do partido, seja qual for. Na ala da oposição, estão ainda o governador eleito de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, e o atual governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos.

Já o governador reeleito do Tocantins, Marcelo Miranda, defende o alinhamento ao governo. ¿Acho que o PMDB é um grande partido, tem maioria na Câmara e temos condições de estar unidos¿, pregou Miranda, que fez campanha pela reeleição de Lula desde o primeiro turno, acompanhou o presidente no último debate na TV Globo e também no anúncio da vitória no segundo turno, em São Paulo.

Também fazem parte do bloco lulista os governadores reeleitos do Paraná, Roberto Requião, e do Amazonas, Eduardo Braga, além de Cabral, eleito no Rio. Os governadores Joaquim Roriz, do Distrito Federal, e Germano Rigotto, do Rio Grande do Sul, também estão mais pró-Lula. Reeleito no Espírito Santo, Paulo Hartung é apontado como ¿neutro¿, apesar de hoje preferir aliança com o Palácio do Planalto. O encontro dos governadores peemedebistas em Florianópolis será em um hotel de luxo na Praia do Santinho, no norte da ilha.