Título: Acionista decide futuro da Telemar
Autor: Brandão Júnior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/11/2006, Negócios, p. B10

O futuro da Telemar será colocado em votação hoje, na casa de espetáculos Scala, no Rio de Janeiro e, com ele, o destino das maiores empresas de telecomunicações no Brasil. Às 10 horas, donos de ações preferenciais da Telemar vão decidir se aprovam ou não o polêmico plano de reestruturação societária da empresa. O plano prevê que seja desfeito o atual acordo de acionistas e que o controle da Telemar seja pulverizado no mercado financeiro.

Se a proposta for rejeitada, a maior empresa de telecomunicações do País terá de buscar outra solução para a disputa entre os sócios e estará à venda, dizem especialistas de mercado. Se for aprovada, a Telemar pode passar de vendedora a compradora de empresas e deve servir de exemplo para outra grande operadora de telefonia, a Brasil Telecom, que também enfrenta problema societário.

A movimentação das ações às vésperas da votação mostra que o mercado financeiro está em dúvida e não tem uma aposta firme sobre a votação. Mas, segundo fontes ligadas a alguns dos principais acionistas, é possível que a primeira votação não atraia quórum suficiente para encerrar a questão.

Pelas regras baixadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é preciso que 50% dos donos de ações preferenciais votem para que a proposta seja aprovada ou rechaçada. Caso não haja quórum, uma segunda votação será realizada daqui a 15 dias. Se ainda assim não houver definição, um terceiro round deverá acontecer no mesmo dia, com um quórum mínimo de 25% dos donos de ações preferenciais. Especialistas dizem que os controladores teriam mais chances de aprovar seu plano na terceira votação.

Hoje, a operadora é controlada pelo GP Investimentos, Andrade Gutierrez e Grupo La Fonte, do empresário Carlos Jereissati. O fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também fazem parte do bloco controlador, sem participarem da administração.

Em linhas gerais, o objetivo é simplificar a estrutura acionária do Grupo Telemar, hoje formado por três empresas e seis diferentes classes de ação, numa única empresa, com papéis negociados no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Para fazer a troca, porém, os controladores estipularam uma cotação para cada tipo de papel que provocou reação irritada de acionistas minoritários.

Pela proposta, cada ação ordinária vale 2,6 preferenciais. A troca resultaria em diluição da participação dos preferencialistas no capital total da empresa de 71,5% para 45,4%, com perda de R$ 2,2 bilhões. Os controladores argumentam que esse é o preço para eles abrirem mão do mando na companhia e que, ao final, o valor de todas as ações subiria. Além disso, prometem distribuir R$ 3 bilhões em dividendos em 2007 e em 2008 caso a reestruturação seja aprovada.