Título: São Miguel Paulista vai implantar projeto piloto
Autor: Iwasso, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/12/2006, Vida&, p. A34

O Centro de Referência do Idoso de São Miguel Paulista, ligado à Secretaria Estadual de Saúde, em São Paulo, a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro e um grupo de pesquisadores de Brasília, apoiados pelo Ministério da Saúde, vão começar neste mês um projeto piloto para desenvolver Centros de Saúde Amigos do Idoso, um projeto em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde.

O projeto, elaborado a partir da troca de experiências de especialistas brasileiros, espanhóis, filipinos e jamaicanos, por exemplo, pretende atender melhor a terceira idade na rede pública. ¿Vamos começar agora um modelo experimental. Estamos preparando o material, a equipe de profissionais. O problema é que o sistema de saúde está todo voltado para a patologia, para tratar os problemas agudos. E temos de investir na prevenção, na atenção, em oferecer atividades¿, explica Paulo Pellegrino, médico responsável pelo centro de São Miguel. O projeto vai começar apenas naquele centro, mas, se for bem sucedido, deverá ser expandido para outras unidades da rede.

¿Só aqui, eu tenho 40 mil idosos cadastrados. São os moradores de parte da zona leste que vêm para cá. Da região que inclui desde Ermelino Matarazzo até aqui, São Miguel, e há ainda a dificuldade de trazer bons profissionais para trabalhar na região¿, afirma o médico. Apenas nos atendimentos de porta, são cerca de três mil por mês. Em atividades extras, eles fazem artesanato, canto, reuniões de conversação e recuperação de memórias.

O conceito do atendimento está embasado no fato de que a grande maioria dos idosos, cerca de 98%, vive em suas comunidades, sozinhos ou com as famílias. Por isso, mais importante do que construir grandes e poucos centros especializados, é mais importante a ampliação de uma boa rede de atendimento próxima às pessoas.

Fazendo o monitoramento de casos crônicos, evita-se, por exemplo, que uma hipertensão, tratável e controlável, se transforme em episódios agudos que necessitem de internação e possam levar até mesmo a um derrame. Isso aumenta o custo para o sistema de saúde e acaba com a perspectiva de o idoso ter autonomia.

No Rio, em Copacabana, onde 32% dos moradores são da terceira idade, um outro projeto está em andamento. A partir de pesquisas com os moradores, o objetivo é tornar o ambiente mais favorável aos idosos, como calçamento, semáforos, sinalização, iluminação. Atualmente, a mesma iniciativa está sendo adotada em outras 30 cidades do mundo, como Tóquio e Sidney.