Título: Economista duvida de meta
Autor: Oliveira, Ribamar
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2006, Nacional, p. A5
O economista-chefe do Banco Goldman Sachs para a América Latina, Paulo Leme, afirmou ontem que é bastante improvável o Brasil crescer 5%, como prometeu o presidente Lula. ¿Sem ajuste fiscal e reforma da Previdência, duvido que o Brasil consiga crescer 4% ao ano de forma sustentável, o que dizer de 5%¿, afirmou Leme, em palestra no Woodrow Wilson Center.
Ele acredita que, se o governo não fizer a lição de casa, o País vai continuar crescendo apenas 2,5% a 3% nos próximos anos. O economista também não acredita que o Brasil vá ser promovido a grau de investimento pelas agências de classificação de risco durante o mandato de Lula. ¿Com esse problema fiscal e baixo crescimento, acho muito difícil o Brasil ser promovido a grau de investimento nos próximos quatro anos.¿
O Brasil cresceu, em média, 2,3% ao ano nos últimos 10 anos. Os países asiáticos cresceram 4 vezes mais e a África, 2 vezes mais. ¿O Brasil está perdendo a competição global de crescimento e desenvolvimento.¿
Segundo Leme, é necessário aperfeiçoar a política econômica e implementar as reformas trabalhista e da Previdência.
No caso da política monetária, Leme acha que o Banco Central foi ¿obrigado¿ a elevar mais os juros porque as outras políticas adotadas pelo governo levaram à expansão monetária. ¿Tivemos aumento de gastos do governo, estímulo ao crédito e aumento do salário mínimo - o BC sobrou como o único capaz de fazer contração monetária para conter a inflação.¿ Segundo ele, sem essas medidas, o BC pode cortar os juros de forma mais rápida e o Brasil poderá crescer entre 4% e 4,5%.