Título: Blix pede que Brasil autorize inspeções nas usinas nucleares
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2006, Nacional, p. A13

O presidente da Comissão Internacional de Armas de Destruição em Massa, Hans Blix, cobrou ontem do Brasil a assinatura do protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação (TNP) - que prevê inspeções mais profundas na cadeia de produção de combustível nuclear - e uma posição proativa no debate mundial sobre desarmamento.

Blix fez a cobrança diretamente ao presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B-SP). O governo brasileiro esquiva-se desse acordo há pelo menos quatro anos, sob o pretexto de que tais inspeções poderiam expor sua tecnologia de enriquecimento de urânio.

Ontem, em entrevista na Embaixada da Suécia, Blix considerou adequada a reivindicação do Brasil, da Alemanha e do Japão pela cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, sob a alegação de que os três países são 'potências modernas' e mantêm compromissos de não desenvolver armas nucleares. E, sob o argumento de que a comissão que preside não advoga 'inspeções cosméticas' nas plantas nucleares, mas 'inspeções efetivas', Blix advertiu que o Brasil deveria assinar no prazo mais breve possível o protocolo adicional.

Blix entregou a Aldo o último relatório da comissão, cuja principal conclusão é a de que a redução dos arsenais com poder de destruição em massa - nuclear, biológico e químico - foi pífia desde o final da Guerra Fria. Uma das maiores autoridades em desarmamento, Blix conduziu a Agência Nacional de Energia Atômica das Nações Unidas entre 1981 e 1997.

Blix não considera a Venezuela uma preocupação, apesar do empenho do governo Hugo Chávez no rearmamento das Forças Armadas.

'Para fabricar armas nucleares', comentou ele, 'é preciso ter infra-estrutura, tecnologia e vontade. A Suécia, por exemplo, tem infra-estrutura e não tem vontade. No caso da Venezuela, pode haver vontade, mas não há infra-estrutura'.