Título: Iraque segue para o caos, diz relatório
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2006, Internacional, p. A21
Um relatório secreto apresentado há duas semanas pelo Comando Central dos EUA mostra o Iraque caminhando em direção ao caos, num gráfico que os militares americanos usam como termômetro do conflito civil. Um slide exibido na sessão informativa de 18 de outubro é uma rara amostra de como o comando militar que supervisiona a guerra tenta acompanhar sua trajetória.
O slide inclui uma barra com código de cores que ilustra um ¿Índice do Conflito Civil¿ (ver abaixo). A barra mostra um drástico aumento da violência sectária desde o ataque a bomba a um santuário xiita em Samarra, em fevereiro, e aponta outra piora em outubro, apesar do esforço americano para deter a violência em Bagdá.
Ao compilar o índice, os militares consideram fatores como a ineficácia da polícia iraquiana e a perda de influência de líderes religiosos e políticos moderados, em vez de parâmetros militares tradicionais, como o poder de combate do inimigo e o controle de território. As conclusões que o Comando Central tirou dessas tendências não são encorajadoras, segundo uma cópia do slide obtida por The New York Times. O slide mostra o Iraque afastando-se rapidamente da ¿paz¿, um ideal na extrema esquerda do gráfico, e aproximando-se do lado direito do espectro, uma zona vermelha assinalada com a palavra ¿caos¿.
Segundo um funcionário do Comando Central, esse índice foi um item básico nos informes do comando interno na maior parte de 2006. Ao avaliar as perspectivas de um conflito civil em escala total, o comando se concentra em ¿leituras-chave¿ ou diversas variáveis principais. As variáveis incluem a ¿retórica hostil¿ de líderes políticos e religiosos - que pode ser medida por sermões em mesquitas e pronunciamentos de líderes xiitas e sunitas - e o grau de influência que personalidades políticas e religiosas moderadas exercem sobre a população.
As outras variáveis principais são assassinatos e outros ataques sectários especialmente provocadores, assim como o ¿conflito civil em massa espontâneo¿.