Título: Jornada de controlador será menor, diz ministro
Autor: Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2006, Metrópole, p. C3

O ministro da Defesa, Waldir Pires, prometeu ontem a representantes de operadores de vôo melhorar as condições de trabalho da categoria e disse que o governo estuda reajustar o salário dos controladores - que hoje varia de R$ 1.800,00 a R$ 4 mil. Ele estimou que haverá redução de 20% a 30% na jornada dos operadores com medidas emergenciais adotadas esta semana pela Aeronáutica. Além disso, o Diário Oficial de amanhã publicará medida provisória autorizando a contratação, sem concurso público, de 60 controladores. O contrato deles vai até 31 de dezembro de 2007.

Apesar das concessões, o ministro negou que os controladores estejam fazendo uma greve branca. ¿O que está havendo é uma tensão emocional.¿

O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, disse que os aeroportos só voltarão ao normal em dez dias, apesar do pacote adotado esta semana - como restrição de operações de pequenos aviões, convocação de controladores aposentados, redistribuição de rotas e deslocamento de operadores para o setor mais congestionado do centro de controle de Brasília, o Cindacta-1. Para o sindicato, a realocação de 15 controladores para o Cindacta-1 só começará a surtir efeito na próxima semana.

O próprio ministro admitiu que a situação permanecerá crítica durante o feriado de Finados. ¿Mesmo quando estava tudo normal os feriados já não eram fáceis.¿

Na reunião, representantes de seis entidades pediram uma reestruturação geral do controle de tráfego aéreo no País. Botelho afirmou que a autorização de novos vôos de companhias aéreas sem a devida adaptação do sistema de monitoramento foi um erro. Os sindicalistas também criticaram a decisão de convocar controladores aposentados.

Pires evitou comentar a reportagem do Estado de ontem segundo a qual o Conselho de Aviação Civil (Conac) alertou em 2003 sobre o risco de colapso do controle de tráfego aéreo do País por falta de investimentos. Sem apresentar números, Pires garantiu que ¿houve mais aplicação de recursos neste governo do que no passado¿.

Quem também se esquivou foi o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Retido no aeroporto de Brasília e irritado com o atraso de quase duas horas do seu vôo para Curitiba, ele mandou repórteres procurarem o Ministério da Defesa para comentar a retenção de verbas. ¿Querem que eu fale o quê?¿. Lembrado de que é o ministro do Planejamento, foi seco: ¿Estou aqui como passageiro.¿