Título: Importação dispara, mas saldo ainda é recorde
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2006, Economia, p. B1
A média diária das importações bateu novo recorde em outubro e atingiu US$ 416,4 milhões, informou ontem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Seguindo a tendência verificada ao longo do ano, as importações continuaram crescendo em um ritmo bem mais forte que as exportações.
Tomando como base a média diária, o aumento das importações em outubro foi de 33,7% ante outubro do ano passado, enquanto as exportações, com US$ 602,9 milhões por dia, apresentaram aumento de 21,8%.
De janeiro a outubro, a importação de bens de consumo cresceu 42,5% ante o mesmo período de 2005. As de bens de capital subiram 24,5% e as de matérias-primas e produtos intermediários, 20,3%, enquanto as compras de combustíveis e lubrificantes aumentaram 29,3%.
O secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, disse que as importações de bens de capital e insumos são indicativo de novos investimentos. Os dois itens juntos representam 70,5% da pauta de importações.
No caso dos produtos de consumo, o aumento das compras externas de bens não duráveis, como têxteis, confecções e produtos farmacêuticos, foi de 30,2% de janeiro a outubro. No caso dos bens duráveis, o aumento chegou a 56,9 %, com destaque para automóveis, que subiram 141,5%. Segundo Meziat, a maior parte da importação de carros é da Argentina, parceira no Mercosul, e do México, com o qual o Brasil tem um acordo comercial no setor automotivo.
BALANÇA POSITIVA
O crescimento das importações não impediu que a balança comercial continuasse com bons resultados. Em outubro, segundo o MDIC, o superávit foi de US$ 3,916 bilhões, resultado de US$ 8,745 bilhões em importações e US$ 12,661 bilhões em exportações.
O saldo comercial e as vendas externas foram recordes para meses de outubro. As importações tiveram o segundo melhor resultado do ano, só menores que as de agosto (US$ 9,129 bilhões). Agosto, porém, teve dois dias úteis a mais.
Os dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que as exportações de produtos semimanufaturados são as que mais crescem: 21,9% no acumulado do ano. As vendas de básicos subiram 17,7% e dos manufaturados, 15,8%.
Com os números de outubro, o saldo positivo da balança subiu para US$ 37,891 bilhões.
Nos últimos 12 meses, chegou a US$ 46,296 bilhões. Embora as exportações já tenham alcançado US$ 113,373 bilhões, Meziat acha cedo para festejar o cumprimento da meta de US$ 135 bilhões. Ele lembrou que dezembro deste ano terá dois dias menos que o de 2005. 'Como a média diária está em US$ 550 milhões, significa US$ 1,1 bilhão menos', explicou.
Meziat acredita, no entanto, que o Brasil, 'se fizer o dever de casa', pode duplicar as exportações em quatro anos e superar os US$ 200 bilhões. A principal condição, disse ele, é remover gargalos de logística em portos, estradas e ferrovias.
Ele considera importante também a continuidade da desoneração tributárias da produção e medidas que permitam manter o câmbio em um nível que garanta o retorno financeiro das exportações.