Título: Campanhas custaram mais do que em 2002
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2006, Nacional, p. A7

As campanhas eleitorais de 2006 deverão ficar mais caras do que as de 2002, apesar de os candidatos terem sido proibidos neste ano de promover showmícios, fixar outdoors e distribuir brindes. Há quatro anos, foram gastos R$ 49,7 milhões para eleger governadores de 11 Estados. Agora, nesses mesmos locais, o custo subiu para R$ 83,1 milhões. Para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, esses números mostram que antes 'as coisas não eram feitas com a transparência de agora'.

Com o apoio da Justiça, o Congresso aprovou no primeiro semestre deste ano uma minirreforma eleitoral. O objetivo da mudança era baratear as campanhas e, conseqüentemente, reduzir o uso do caixa 2.

Com base nisso, o Poder Legislativo estabeleceu uma série de proibições para os candidatos, como a impossibilidade de fazer os tradicionais showmícios, que nas últimas eleições levaram milhares de eleitores para os palanques de todo o País.

No entanto, na prática, o que se espera para este ano é que os candidatos declarem gastos superiores aos de 2002. No caso dos governadores dos 11 Estados pesquisados, o valor de R$ 49,7 milhões atualizado pela inflação do período, que foi de cerca de 37% segundo o IPCA acumulado, atinge a cifra de R$ 68 milhões. Ou seja, um montante inferior aos R$ 83,1 milhões declarados agora.

Os 11 Estados pesquisados são Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Roraima, Sergipe e Tocantins. 'O que constatamos é que está havendo uma transparência maior. Não podemos achar que simplesmente houve um acréscimo. Antes, existiam despesas maiores com outdoors, showmícios e brindes. As coisas não eram feitas com a transparência de agora', afirmou Marco Aurélio ao ser indagado se na eleição de 2002 houve caixa 2.

Nem todos os governadores eleitos apresentaram prestações de contas. Os que venceram no segundo turno têm prazo até dia 28.

Elevações de gastos em relação à eleição de 2002 também são esperadas na disputa presidencial. Os dois candidatos que disputaram o segundo turno - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o tucano Geraldo Alckmin - enviaram ao TSE previsões de gastos muito superiores às cifras declaradas em 2002. Lula comunicou que pretendia gastar no máximo R$ 115 milhões na campanha. O limite informado por Alckmin foi de R$ 95 milhões. Em 2002, o presidente declarou ao TSE ter gasto R$ 33,7 milhões e seu então adversário, José Serra, R$ 34,4 milhões.

Questionado recentemente sobre essas diferenças de valores entre as duas eleições, Marco Aurélio afirmou: 'O que concluímos e não podemos ser ingênuos é que em 2002 houve recursos não contabilizados.'