Título: Desemprego atinge em 6 capitais 2,29 milhões
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2006, Economia, p. B5

O lento aquecimento que vem ocorrendo no mercado de trabalho não tem sido suficiente para reduzir o enorme número de desempregados nas seis principais regiões metropolitanas do País. A quantidade de vagas criadas na economia tem ficado abaixo do número de jovens que chegam anualmente ao mercado de trabalho.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de desocupados (sem trabalho e à procura de emprego) permanece acima de 2 milhões. Em setembro, atingiu 2,29 milhões nas seis regiões, que incluem São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife.

'É um número muito, muito grande', avalia o gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo. 'A taxa de desemprego cai pouco porque o estoque (de desocupados) é alto', complementa Guilherme Maia, da Tendências Consultoria. Diante desse quadro, os caminhos apontados por especialistas para que o governo Lula consiga, no segundo mandato, reduzir o número de desocupados são: aceleração do crescimento econômico, aumento significativo da taxa de investimento e eficiência em programas para inserção de jovens no mercado de trabalho.

Desde março de 2002, quanto teve início a nova série histórica da pesquisa mensal de emprego do IBGE, o número de desocupados se mantém próximo de 2 milhões. Azeredo, Maia e Marcelo de Ávila, analista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), concordam que o número de desempregados não caiu desse nível porque não são criadas vagas suficientes para absorver o crescimento da procura por uma vaga.

Em setembro deste ano, por exemplo, houve aumento de 628 mil postos de trabalho em relação ao mesmo mês de 2005, mas ainda assim a população desocupada aumentou em 152 mil pessoas. Isso ocorreu porque a População Economicamente Ativa (PEA), que inclui ocupados e desocupados, cresceu em 780 mil pessoas no período.

'Os jovens são os que mais pressionam o mercado de trabalho. Para diminuir o estoque (de desocupados) é preciso atuar em cima dessa parcela', disse Azeredo. Em setembro de 2006, os jovens de 15 a 24 anos eram 46,6% dos desocupados nas seis regiões, fatia que tem crescido nos últimos anos, já que em setembro de 2002 eles eram 44,9% dos desocupados.

Para Maia, a oferta de emprego tem de ser mais forte para que a taxa de desemprego anual caia abaixo de 10%. E, para elevar a oferta, é preciso expandir, e muito, os investimentos. 'Para ter um salto no emprego é preciso maior dinâmica nos investimentos, o que aumentaria o potencial da economia e elevaria o número de vagas.'