Título: Vida de senador, com estilo e idiossincrasias
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2006, Nacional, p. A9

A possibilidade de entrar na Casa e sair dela sem ser visto levou o ex-presidente da República e senador eleito por Alagoas, Fernando Collor (PRTB), a optar por um gabinete distante do plenário, numa das alas menos cobiçadas do Senado. A partir de 1º de fevereiro, quando toma posse, Collor vai ocupar o gabinete de Geraldo Mesquita (PMDB-AC), que, por sua vez, herdará o espaço hoje ocupado pela senadora Heloísa Helena (PSOL-AL).

O diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, explica que Collor se recusou a ficar com o gabinete de sua conterrânea Heloísa. 'O gabinete dele fica longe do plenário, mas perto do estacionamento', contou.

A senadora eleita Kátia Abreu (PFL-TO) deixou claro que não queria ficar com o gabinete do senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO), derrotado por ela. A solução foi dar à pefelista o gabinete do senador José Jorge (PFL-PE) - que deixará o Senado -, localizado na direção oposta e bem distante do atual gabinete do tucano. O espaço de Siqueira ficou para o senador eleito Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), ex-governador do Estado.

O recém-eleito senador Cícero Lucena (PSDB-PB) também recusou o gabinete hoje ocupado por seu conterrâneo e adversário político Ney Suassuna (PMDB-PB), que ele derrotou há um mês. Considerado um dos melhores, o gabinete de Suassuna vai ficar para Marcelo Crivella (PRB-RJ), que deixará o seu para Cícero Lucena.

Segundo Agaciel Maia, a maioria dos gabinetes dos senadores tem área praticamente igual - entre 70 e 80 metros quadrados. Uma exceção é o gabinete de Ramez Tebet (PMDB-MS), que ficou com 200 metros quadrados depois de reformado para abrigar o então senador, hoje deputado, Jader Barbalho (PMDB-PA).

O futuro senador Francisco Dornelles (PP-RJ) vai ocupar um dos gabinetes mais cobiçados do Senado, hoje ocupado por Saturnino Braga (PT-RJ), que tem numa parede um desenho feito por Oscar Niemeyer, numa tarde em que esperava o então senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ), morto em 1997.

Futuro vizinho de Collor, Renato Casagrande (PSB-ES) conta que não teve opção para escolher o seu gabinete, mas não estranhará a grande distância até o plenário. Seu atual gabinete, na Câmara, é mais distante ainda do palco das votações.