Título: Bush pede à oposição sugestões sobre Iraque
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2006, Internacional, p. A14

Dois dias depois da histórica derrota republicana nas eleições de meio de mandato, o presidente dos EUA, George W. Bush, disse que está disposto a receber sugestões sobre a política a ser adotada para o Iraque. 'Estou aberto a qualquer idéia ou sugestão que nos ajude a alcançar nosso objetivo de derrotar os terroristas e garantir o sucesso do governo democrático no Iraque', afirmou o presidente em uma rápida declaração no jardim da Casa Branca. Estava ao lado de todo o seu gabinete, com o qual havia reunido pouco antes para analisar o futuro do governo.

'Não importa de que partido venham (as sugestões). Todos temos a responsabilidade de garantir que as tropas no Iraque tenham os recursos e o apoio necessários para vencer', afirmou, um dia depois de ter anunciado a demissão de um dos principais arquitetos da estratégia americana no conflito, o secretário de Defesa Donald Rumsfeld. Para o lugar de Rumsfeld, Bush designou Robert Gates, ex-diretor da CIA e amigo de seu pai, o ex-presidente George H. Bush.

Bush, que pela primeira vez desde que chegou ao poder terá de governar com minoria no Congresso, conclamou a oposição a estabelecer uma 'parceria' para os próximos dois anos de mandato.

Os democratas basearam boa parte de sua vitoriosa campanha eleitoral nas críticas à política do governo para o Iraque, onde estão cerca de 140 mil soldados dos EUA. Mais de 2.800 americanos morreram ali em três anos e meio de guerra.

Apesar da disposição de ouvir sugestões, Bush não mencionou em nenhum momento a retirada imediata das tropas do Iraque - opção que sempre descartou, argumentando que tal decisão caberia exclusivamente aos comandantes militares da região. No passado, o presidente também disse que não fixaria cronogramas em função dos desejos dos políticos.

Ontem, logo depois da declaração, Bush almoçou com a futura presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, e com o segundo líder da bancada democrata na Casa, Stony Hoyer. Além da situação no Iraque, eles analisaram a agenda legislativa do novo Congresso. Bush apontou, entre as prioridades que vai destacar, a aprovação da Lei de Vigilância aos Terroristas - uma medida que torna legais escutas telefônicas por parte do FBI de suspeitos de terrorismo - e uma nova legislação sobre energia.

Os democratas, que na terça-feira já tinham comemorado a conquista de mais da metade das 435 cadeiras da Câmara e se instalaram em 28 governos dos 50 Estados do país, tiveram ontem a confirmação da maioria no Senado, com a conclusão da apuração na Virgínia.