Título: Nancy encontra Bush e evita críticas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2006, Internacional, p. A16

'Foi realmente muito bom', declarou a futura presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, ao término do almoço de ontem com o presidente americano, George W. Bush. Mas, sem entrar em detalhes sobre os assuntos políticos, ela se referia ao macarrão e à sobremesa de chocolate servidos no almoço.

'Nós podemos divergir em muitas coisas, mas concordamos que amamos igualmente a América e estamos realmente preocupados com o futuro do nosso país e faremos o melhor para administrar os nossos grandes problemas', disse, por seu lado, o presidente Bush.

Também participaram do almoço o deputado democrata Steny Hoyer e o vice-presidente Dick Cheney.

'Tivemos um encontro muito produtivo sobre como trabalharemos juntos para trazer resultados aos povo americano', afirmou Nancy. 'Tratamos de algumas áreas nas quais nós poderemos atuar em parceria', prosseguiu, sem dar detalhes, a combativa deputada pela Califórnia, que dedicou boa parte de sua campanha eleitoral criticando a atuação do governo na condução da guerra no Iraque e dirigindo adjetivos pouco amistosos ao presidente.

'Ele está mentindo sobre o que está acontecendo no Iraque', disse Nancy em setembro. Na mesma época, acusou o atual Congresso de ser o 'mais corrupto da história'.

Bush qualificou o encontro de ontem como 'uma conversação muito construtiva e muito amigável'. 'As eleições ficaram para trás, mas os desafios dos EUA persistem.'

O presidente também cumprimentou Nancy por ter se tornado a primeira mulher designada para presidir a Câmara dos Representantes - a partir da legislatura que se inicia em janeiro. 'Como pai de jovens mulheres, acho isso muito importante', lembrou o presidente americano.

RELAÇÃO DIFÍCIL

Há poucas indicações, porém, de que a relação entre o Executivo republicano e o novo Legislativo democrata será tão harmônica quanto tais almoços protocolares. Líderes democratas se disseram satisfeitos com a demissão de Donald Rumsfeld, identificado como o responsável pelos erros da guerra do Iraque, mas querem ir além e começar a pensar no início do retorno dos soldados.

'O primeiro passo para a estabilidade no Iraque é a reorientação das tropas americanas', disse o deputado democrata John Murtha, um dos maiores defensores da retirada dos soldados do Iraque. Em declarações à rede de TV CNN, Murtha afirmou desejar que o diálogo entre os dois partidos convocado por Bush prossiga nessa direção.

'Queremos saber agora qual é o plano dos democratas para ganhar a guerra contra o terror. Agora é o momento de nos dizer', disse, por seu lado, o senador republicano Jon Cornyn.