Título: Preços reagem e exportações de carne dobram
Autor: De Chiara, Márcia
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2006, Economia, p. B9
As exportações brasileiras de carne bovina in natura mais que dobraram em outubro em relação ao mesmo período do ano passado, um fato inédito no setor. No mês passado, as vendas externas do produto atingiram US$ 319,9 milhões, com crescimento de 107,8%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
'Nunca tivemos uma taxa de crescimento em valor tão elevada num único mês', afirma o presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes. Já em volumes, o crescimento foi menor, de 55,3% no período, com 164,3 mil toneladas de carne i n natura exportadas em outubro.
Na análise de Pratini, o excelente desempenho das exportações do mês passado resulta de uma combinação de fatores favoráveis, apesar da valorização do real em relação ao dólar, que tira a competitividade das exportações. Entre esses fatores, ele aponta a melhoria nos preços, a exportação de cortes de maior valor e a redução nos volumes ofertados.
Além disso, diminuíram as restrições ao produto brasileiro por causa da febre aftosa, observa. O presidente da Abiec lembra também que as vendas de outubro de 2005 foram afetadas pela crise da aftosa, que reduziu as vendas externas.
De janeiro a outubro, as exportações totais de carne bovina, que incluem, além do produto in natura, produto industrializado e miúdos, somaram US$ 3,191 bilhões, com um acréscimo de 22,8% em relação ao mesmo período de 2005. A expectativa de Pratini é fechar o ano com vendas de US$ 3,9 bilhões. 'No último trimestre, o volume de negócios diminui porque alguns portos importantes ficam congelados', observa.
Atualmente, o Brasil vende carne bovina para 181 países. No ano passado, eram 160. 'Não tem mais mercados para conquistar', diz o presidente da Abiec. O principal comprador de carne in natura brasileira é a Rússia, que importou de janeiro a outubro US$ 519,8 milhões. As vendas externas para o Egito, Países Baixos e Itália também foram expressivas neste ano, com taxas de crescimento da receita em dólares de 53,2%, 27% e 53%, respectivamente.
Na carne industrializada, o principal comprador neste ano são os Estados Unidos, que importou US$ 229,5 milhões de janeiro a outubro, mais de 40% do total das vendas externas do produto no período. Pratini destaca o forte crescimento em valor (117,5%) das importações do Reino Unido no período e de Cuba (755%).
A meta para o setor em 2007 é ampliar os valores dos produtos importados e equacionar o problema das barreiras tarifárias impostas pela Europa.
'Hoje o filé mignon brasileiro paga 176% de Imposto de Importação para entrar na Europa e o Jaguar, 35%, quando chega aqui.' Segundo Pratini, essa assimetria de tratamento tarifário precisa acabar.