Título: Governo insiste em R$ 367 para mínimo
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2006, Nacional, p. A10
O governo unificou ontem o discurso em torno da proposta de reajuste do salário mínimo para 2007 e adotou como ponto de partida para as negociações com as centrais sindicais o valor de R$ 367. A proposta não chegou a ser apresentada oficialmente aos dirigentes sindicais, que participaram ontem da primeira reunião de negociação com o governo, mas o valor foi defendido pelos cinco ministros presentes ao encontro. Uma nova reunião foi marcada para a próxima quinta-feira.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou ontem, porém, a possibilidade de negociar a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). O governo já fechou um acordo com o relator do Orçamento, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), para correção de 3% em 2007 e mais 3% em 2008. O ministro argumentou que o acordo já significa uma renúncia fiscal de R$ 800 milhões no primeiro ano. 'Tudo isso pesa. Estamos desonerando outros tributos e não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Chegamos num ponto limite', disse ele aos jornalistas.
Na saída, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, garantiu que Mantega não colocou sua posição na reunião. Os sindicalistas defendem uma correção de 7,7% em 2007 para zerar os efeitos inflacionários dos últimos quatro anos. 'Ficamos um pouco chateados com esta reunião porque sentam cinco ministros dos mais importantes da República e não falam uma palavra. Só marcam uma próxima reunião', criticou. 'Espero receber uma proposta na quinta-feira. Não dá para passar um ano inteiro negociando o salário mínimo.'
IMPACTO
Participaram da reunião os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Previdência Social, Nelson Machado, além do secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci.
Marinho disse que espera concluir as negociações ainda este ano. Na próxima reunião, o governo apresentará estudo com o impacto do reajuste do mínimo nas contas da Previdência. Segundo Nelson Machado, cada R$ 1 de aumento representa um gasto adicional de R$ 200 milhões por ano na pasta. Na proposta orçamentária para 2007, está previsto um mínimo de R$ 367, mas as centrais sindicais reivindicam R$ 420.
O governo também quer incluir na discussão com os líderes sindicais a definição de uma política permanente de recuperação do mínimo.