Título: PF solta 40 explorados como escravos em Goiás
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2006, Nacional, p. A11
A Polícia Federal fechou ontem nove carvoarias ilegais que devastavam áreas protegidas do cerrado, em Goiás, no município de Cristalina, a 150 quilômetros de Brasília. Durante a operação, chamada Cristal Negro, os policiais encontraram 40 pessoas trabalhando em situação irregular, sem carteira assinada e em barracões sem água nem luz.
Nove pessoas foram detidas. Todas assinaram termo circunstanciado e, a seguir, foram liberadas para responder ao inquérito em liberdade - elas são acusadas por crimes ambientais. A PF ouvirá os trabalhadores para detectar se eles eram explorados em situação análoga à da escravidão.
As carvoarias retiravam madeira em vários lotes de um assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A operação contou com o apoio de 25 servidores. Algumas carvoarias eram comandadas pelos proprietários dos assentamentos.
Segundo a PF, a madeira era retirada de uma área de preservação ambiental permanente e até das margens dos rios da região. As carvoarias operavam sem autorização para produção e venda do carvão. Os fornos foram destruídos.
Incursos em quatro artigos do Códigos Penal e Florestal, os acusados podem pegar até seis anos de prisão, fora multas.
DRT
De acordo com a auditora fiscal Jaqueline Carrijo, da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), a situação dos trabalhadores configura situação análoga a um esquema de escravidão. Todos foram levados para uma cidade vizinha.
A DRT intimou as empresas a fazer o acerto com os trabalhadores até segunda-feira. Os que continuarem trabalhando têm de ter a carteira assinada e devem ficar em hotéis até que sejam providenciados alojamentos adequados. Para os donos das carvoarias, o prazo é pequeno.