Título: No Rio, ONG educa contra o machismo
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/12/2006, Vida&, p. A16

Qual o preço do machismo? Desde 1999, o Programa H, mantido pelo Instituto Promundo e pela Aliança H, incentiva homens jovens a questionar os padrões tradicionais de masculinidade e suas conseqüências, para eles próprios e para as mulheres. A resistência ao uso de camisinha e a violência são apresentadas como comportamento machista.

Uma pesquisa realizada pelo Programa H mostrou associações entre as atitudes machistas e a resistência ao uso da camisinha, no Rio. O estudo informa que, em uma das comunidades avaliadas, o uso de camisinha entre jovens cresceu de 58% para 87% após a participação em oficinas educativas. Já o número dos que não aceitariam um pedido da mulher para usar preservativo caiu pela metade.

A maior exposição a situações de risco, conflitos armados e a adoção de comportamentos agressivos também são problemas para os machistas.

O Programa H busca conscientizar os homens de que essas posturas como forma de provar a própria masculinidade têm resultados negativos. ¿O Brasil está em terceiro lugar mundial em mortes por homicídio em jovens de 15 a 24 anos, e em primeiro lugar mundial por armas de fogo¿, disse Gary Barker, diretor-executivo do Promundo e um dos idealizadores do Programa H. ¿O Censo de 2000 constatou que há quase 200 mil homens a menos do que mulheres na faixa etária de 15 a 29 anos.¿

Com sete anos de atuação na Favela da Maré, em Bangu e no Morro dos Macacos, o Programa H apresenta os seguintes resultados, além do aumento no uso de preservativo: redução da violência entre os homens; redução do envolvimento de jovens em atos violentos e situações em que possam ser vítimas de mortes violentas, como acidentes de trânsito e brigas de gangues; promoção de relações mais eqüitativas com as mulheres; e aumento do envolvimento dos homens na criação dos filhos.

O Instituto Promundo é uma ONG fundada em 1997, com sede no Rio, que atua também na América Central, na Ásia e na África, e oferece assessoria técnica para agências da ONU e diversas entidades de outros países. A Aliança H articula ONGs, agências da ONU e setor privado. O Programa H, que desenvolveu cinco manuais e um vídeo educativo, foi citado pelo Banco Mundial como modelo para o trabalho com jovens e está sendo adaptado para a Índia, a Tanzânia e o Vietnã.