Título: Maioria dos analfabetos no mundo é mulher
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/12/2006, Vida&, p. A16

A declaração das Nações Unidas contra a discriminação das mulheres é assinada por 186 países. Boa parte deles, porém, não consegue tirar do papel os compromissos assumidos. Hoje, para cada 100 meninos fora da escola no mundo, há 115 meninas.

As mulheres representam dois terços das pessoas analfabetas do mundo. As conseqüências vão além de dificuldades para elas, atingem seus filhos, meninos e meninas, e o desenvolvimento dos próprios países.

De acordo com o relatório Situação Mundial da Infância do Unicef, que este ano destaca a necessidade da igualdade de gênero para o bem-estar das crianças, mais de meio milhão de mulheres morrem por ano em conseqüência de complicações no parto. E a probabilidade de morte de uma criança órfã de mãe é 10 vezes maior do que a de uma criança com mãe viva.

¿Embora simulando convicção quanto ao direito à igualdade, os governos freqüentemente deixam de investir na mulher e na criança os sempre escassos recursos públicos, ou deixam de enfrentar hábitos, atitudes e crenças discriminatórias¿, critica o documento.

Apesar das dificuldades e preconceitos, as mulheres hoje já representam 40% da população mundial economicamente ativa no mundo. Na América Latina, são 50%.

Já a representação parlamentar no mundo ainda é quase insignificante para um grupo que representa a metade da população mundial. Apenas 17% dos parlamentares em todo o mundo são mulheres.

A preocupação do Unicef, um fundo destinado a infância, com o poder feminino tem uma razão central: quando as mulheres ganham mais dinheiro, elas investem mais do que os homens em seus filhos.

Quando as mulheres têm mais poder, elas tendem a trabalhar mais pelas crianças. ¿Aumentar a participação das mulheres na política é fundamental para promover igualdade de gênero, fortalecer a mulher e garantir os direitos da criança¿, diz o relatório.