Título: Massa salarial encolheu no País
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/12/2006, Economia, p. B5
O Brasil conseguiu criar 2,8 milhões de postos de trabalho com carteira assinada entre setembro de 2004 e outubro deste ano, sem que a massa de salários do mercado formal de trabalho fosse ampliada. Ao contrário, houve uma redução de R$ 133 milhões no valor dessa massa.
De acordo com levantamento do economista Márcio Pochmann, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp, o total de salários pagos aos empregados admitidos no período somou R$ 14,852 bilhões, enquanto a massa de rendimento dos demitidos era de R$ 14,985 bilhões.
¿Essa diferença expressa o sentido geral da economia nacional, cada vez mais dependente da exportação de bens de baixo valor agregado e pouco conteúdo tecnológico¿, afirma o economista. ¿A busca de competitividade termina concentrando-se no custo de mão-de-obra, já que alguns dos nossos concorrentes nesses mercados chegam a ter custos do trabalho ainda menores.¿
O economista cita dados do departamento de estatísticas do Ministério do Trabalho dos Estados Unidos para afirmar que o Brasil tem assumido uma postura agressiva na redução do custo do trabalhador em dólar no setor industrial. Entre 1990 e 2004, o Brasil foi o único entre 22 países analisados pelo departamento que reduziu esse custo, de US$ 3,12 para US$ 3,03 por hora. Nos países da União Européia, o custo da hora trabalhada subiu de US$ 16,84 para US$ 27,17, enquanto nos Estados Unidos passou de US$ 14,84 para US$ 23,17.
¿Nosso mercado de trabalho formal continua dinâmico, mas estamos criando empregos de baixo salário¿, diz Pochmann.
Após quase dez anos consecutivos de encolhimento, as contratações com carteira assinada vêm aumentando no País desde 1999, quando o Real foi desvalorizado, mas ganharam força nos últimos quatro anos. Ao mesmo tempo, os salários passaram a ser cada vez menores.