Título: Bolívia e Venezuela viram sócias
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/12/2006, Economia, p. B6

A Bolívia e a Venezuela deram ontem um novo passo em sua sociedade ao iniciar as operações da Petroandina Gas, uma empresa mista de prospecção e exploração de suas estatais que construirá duas unidades de separação de líquidos de gás no sul do território boliviano.

O convênio de criação da Petroandina foi assinado pelo ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, e pelo embaixador da Venezuela em La Paz, Julio Montes, em Yacuiba, no departamento de Tarija, fronteira com a Argentina. A reunião teve ainda a presença do presidente da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Juan Carlos Ortiz, e do gerente-geral da Petróleos da Venezuela (PDVSA) na Bolívia, Miguel Tarazona.

Por outro lado, não participaram os presidentes boliviano, Evo Morales, e venezuelano, Hugo Chávez, que deviam inaugurar o encontro após a segunda Cúpula Sul-Americana, concluída no sábado na cidade boliviana de Cochabamba. A YPFB participará com 51% da nova sociedade, enquanto a PDVSA contará com 49%. O ministro Villegas enfatizou que este é o ¿segundo passo¿ na nacionalização dos hidrocarbonetos, que o governo socialista da Bolívia determinou em 1º de maio passado.

Ele disse que outro efeito da formação da sociedade será a capacitação de moradores da província para que sejam os bolivianos que se especializem na nova etapa de aproveitamento dos produtos energéticos do país.

Segundo o presidente da YPFB, a Petroandina Gas deve investir mais de US$ 1 bilhão na industrialização energética boliviana, para aumentar a produção de derivados destinada aos mercados internos e externos.

A primeira unidade separadora de líquidos de gás, em Yacuiba, será financiada pela PDVSA com US$ 100 milhões, segundo as autoridades. A Petroandina Gas deve construir uma segunda unidade na localidade de Rio Grande, no departamento de Santa Cruz, a um custo estimado de US$ 70 milhões.

Segundo estimativas da PDVSA, quando as duas instalações estiverem funcionando, em 18 meses, deve haver uma produção diária de 7.200 barris de gás liquefeito de petróleo (GLP) e 4.200 barris de gasolina natural, na primeira fase.

Os projetos correspondem ao acordo de cooperação energética boliviano-venezuelano, assinado em 23 de janeiro pelas petrolíferas estatais dos países, para prospecção, produção, refino, distribuição, processamento e industrialização de hidrocarbonetos.