Título: Supremo anula supersalário, mas Congresso prepara novo aumento
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2006, Nacional, p. A4

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu ontem o aumento de 90,7% que elevaria o salário de deputados e senadores para R$ 24.500. A decisão foi tomada em ação proposta por três parlamentares e, embora de caráter liminar, teve grande impacto político. Como o aumento sofria críticas de vários setores da sociedade, as cúpulas de Câmara e Senado se viram forçadas a rediscutir o assunto.

Cresceu a chance de o Congresso recuar do aumento decidido pelas Mesas Diretoras das duas Casas, com a concordância de líderes partidários. No entanto, permanece a intenção de reajustar os vencimentos dos parlamentares reeleitos ou que assumem no ano que vem. A solução que ontem parecia mais provável era dar aumento equivalente à inflação acumulada desde 2003, quando houve o último reajuste - 28,4% pelo IPCA, o índice oficial. Adotada essa fórmula, os salários iriam para R$ 16.500.

Entidades da sociedade civil prometem manter a mobilização até o fim da discussão sobre os supersalários no Legislativo. A CUT, que iniciou ontem coleta de assinaturas para que o reajuste seja definido por votação aberta no plenário, quer chegar a 2 milhões de adesões. Ontem também houve protestos de sindicalistas e estudantes no Congresso. Um grupo tentou invadir o prédio do Supremo e escreveu a poucos metros da entrada mensagem ofensiva à presidente do tribunal, Ellen Gracie.

O presidente Lula reagiu de maneira contida ao julgamento do STF, mas seus ministros foram enfáticos. 'Foi absolutamente correta', afirmou Márcio Thomaz Bastos sobre a liminar. 'É uma decisão que dá uma boa orientação', disse Tarso Genro.