Título: Investimento externo vai a US$ 16 bi
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2006, Economia, p. B4

O fluxo de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) foi um dos destaques das contas externas brasileiras em novembro. Com desempenho acima das expectativas do mercado e do próprio Banco Central, o IED ficou em US$ 2,67 bilhões no mês passado, mais que o dobro do verificado em igual período de 2005. De janeiro a novembro deste ano, os investimentos estrangeiros já somam US$ 16,29 bilhões, o equivalente a 1,92% do Produto Interno Bruto (PIB).

Os dados divulgados ontem pelo Banco Central também mostraram que continua forte o movimento de investimentos brasileiros no exterior (IBD), que somaram US$ 2,12 bilhões no mês passado e em dezembro, até ontem, estavam em US$ 1,6 bilhão. De janeiro a novembro, o IBD ficou em US$ 24,95 bilhões, impulsionado pela compra da mineradora canadense Inco pela brasileira Vale do Rio Doce - uma operação de cerca de US$ 18 bilhões.

Já a conta de transações correntes, que registra todas as operações de comércio e serviços do Brasil com o exterior, veio próxima das expectativas e fechou novembro em US$ 1,52 bilhão, acumulando no ano US$ 13,18 bilhão (1,55% do PIB). Nos 12 meses encerrados em novembro, o superávit em conta corrente ficou em US$ 13,75 bilhões (1,5% do PIB). Para dezembro, o BC projeta um saldo positivo de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões, o que faria a conta corrente encerrar o ano superavitária em US$ 13,3 bilhões - acima dos US$ 11,9 bilhões inicialmente projetados.

'O que chamou a atenção nas contas externas em novembro foi o comportamento do IED, que teve um número bastante considerável, puxado pelos setores de celulose e papel e telecomunicações. Também merece destaque o volume de investimentos brasileiros no exterior', disse o economista da MB Associados, Sérgio Vale. Os dados do BC mostram que o IED para o setor de celulose e papel totalizou US$ 1,25 bilhão em novembro e em telecomunicações alcançou US$ 780 milhões.

Apesar de já esperar um movimento mais forte para a entrada de capital estrangeiro no País no fim do ano, o chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), Altamir Lopes, também afirmou que o resultado do mês passado o surpreendeu. O ingresso de capital estrangeiro continua ascendente este mês e até ontem somava US$ 1,65 bilhão e deve chegar a US$ 2 bilhões até o dia 31. Com o cenário mais favorável, o BC ajustou a projeção para o IED no ano de US$ 18 bilhões para US$ 18,3 bilhões. 'É comum no fim do ano os estrangeiros trazerem recursos já pensando no próximo ano.'

Em relação aos investimentos brasileiros no exterior, que até ontem somavam US$ 1,6 bilhão, Sérgio Vale avalia que este é um sintoma de que as companhias brasileiras estão em busca de mais competitividade e redução de custo. O BC estima que, no próximo ano, os empresários brasileiros devem investir no exterior US$ 10 bilhões. Até ontem, havia saído do País US$ 1,6 bilhão.

Um dos efeitos do aumento dos investimentos é a expansão das receitas de lucros e dividendos. Em novembro, as remessas de lucros e dividendos tiveram resultado líquido de US$ 763 milhões e no ano acumulam US$ 13,27 bilhões, ante US$ 10,44 bilhões em igual período de 2005. Em dezembro, as remessas, que impactam a conta de serviços e, portanto, o saldo em conta corrente, somavam até ontem US$ 1,6 bilhão. Segundo Lopes, esse crescimento de dezembro é sazonal.