Título: EUA puxam o otimismo nos negócios
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/12/2006, Economia, p. B4

A bonança que levou o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) a bater recordes seguidos nos últimos dias e o risco Brasil nos menores níveis da história tem tudo para se manter nesta semana.

Segundo analistas, esse otimismo deve-se aos últimos indicadores divulgados nos Estados Unidos, que apontam inflação convergindo para um nível mais baixo e a economia crescendo num ritmo sustentável. 'Esse cenário é excepcional para os países emergentes', disse Régis Abreu, diretor da Mercatto Gestão de Recursos.

A principal ameaça ao bom momento é uma realização de lucros nas bolsas americanas, que subiram muito no ano. Sexta-feira, o Índice Dow Jones bateu o segundo recorde seguido da semana, aos 12.445 pontos.

A agenda de indicadores está mais carregada nos EUA que no Brasil nesta semana. Por lá, os destaques são o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês), amanhã, a revisão final do Produto Interno Bruto do terceiro trimestre, na quinta-feira, e o Índice de Preços dos Gastos com Consumo (PCE, em inglês), sexta-feira.

Segundo analistas, o PCE é o indicador de inflação observado com mais atenção pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). 'Os dados podem confirmar que os preços estão mesmo indo para o nível que o Fed deseja', disse Ures Folchini, vice-presidente de Tesouraria do Banco WestLB do Brasil.

No Brasil, o indicador mais aguardado é o IPCA-15 de dezembro, na quarta-feira. Segundo os analistas, o índice pode dar pistas do rumo da taxa básica de juros (Selic). Se vier baixo, pode reforçar a hipótese de um corte de 0,50 ponto porcentual na taxa na primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), em janeiro. Se vier alto, pode indicar uma redução de 0,25 ponto.

A semana também deve marcar a divulgação do pacote de medidas do governo para estimular o crescimento econômico. De acordo com o ministro Guido Mantega, as medidas serão anunciadas na quinta-feira. Tanto Abreu quanto Folchini não esperam que o pacote tenha impacto relevante nos mercados ao longo da semana.

'Os fundamentos econômicos do Brasil são sólidos. O que esse pacote pode trazer que estrague esses fundamentos?', indaga Folchini. 'Pouca coisa', ele mesmo responde.

Com isso, a tendência para a Bovespa é de alta. No mercado futuro de juros, as taxas devem continuar caindo, como já ocorreu nos últimos dias. Em relação ao câmbio, a estimativa dos analistas é de que o dólar fique estável.