Título: Daslu nega venda e faz planos para crescer
Autor: Dantas, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/12/2006, Economia, p. B16

O prédio onde funciona a Daslu tem novo proprietário, mas a loja de estilo neoclássico, voltada para o consumidor de alto poder aquisitivo, permanece no mesmo local, na Vila Olímpia, e nas mãos de Eliana Tranchesi. Para desmentir os comentários que a empresa poderia ser vendida ela enviou ontem uma carta para fornecedores, colaboradores e clientes em que nega a possibilidade. 'Quero esclarecer que não estamos vendendo a marca Daslu, o negócio Daslu ou transferindo o controle acionário da empresa', afirma.

Ela negou também que os aluguéis do imóvel estejam atrasados, como se comentou no mercado. Para colocar um ponto final na história, fez questão de distribuir uma declaração da WTorre, compradora do prédio e do terreno onde está a butique, confirmando que a Daslu não tem débitos pendentes de aluguel. Na declaração, a WTorre informa que o contrato de locação com a Daslu será integralmente mantido e destaca: 'no presente momento não há valores devidos pela Daslu com relação aos aluguéis decorrentes do contrato de locação desde a instalação da Daslu no imóvel.'

A construtora WTorre anunciou anteontem a compra da Ergi Empreendimentos , dona do terreno onde estão o imóvel ocupado pela butique, um prédio inacabado da Eletropaulo e o espaço onde foi erguido o Cirque du Soleil, num total de 300 mil metros quadrados. Só a Daslu ocupa 60 mil metros quadrados. Com o novo proprietário, o terreno deverá ganhar um prédio de escritórios de alto padrão, onde hoje está o esqueleto da Eletropaulo e possivelmente um hotel de luxo. A previsão é que o empreendimento esteja pronto em menos de um ano.

No comunicado distribuído ontem, Eliana Tranchesi diz que considerou a aquisição bem vinda e explica que foi procurada pessoalmente por Walter Torre, dono da construtora, que lhe comunicou o interesse de permanência da Daslu no imóvel. Diz também que seu 'sonho', quando escolheu o imóvel para a Villa Daslu, se encaminha para a realização. Eliana Tranchesi acredita numa sinergia entre seu negócio e o empreendimento que deve surgir no local. Como a Ergi não ergueu nenhuma obra na área a Daslu desde que se mudou da Vila Nova Conceição, há quase um ano e meio, ficou isolada ao lado de um terreno baldio e o esqueleto de um edifício.

'A população flutuante com os empreendimentos que vão surgir no local deve ficar em torno de 15 mil pessoas por dia, o que significa um aumento do fluxo de potenciais clientes para a Daslu', diz um dos sócios da consultoria Galeazzi&Associados , José Carlos Aguilera, que estrutura a área administrativa e financeira da Daslu, desde agosto.

Os números de novembro exibidos por Aguilera mostram recuperação da empresa. As marcas de luxo importadas, o maior diferencial da Daslu, que representavam 9% do faturamento há 4 meses já respondem por 25% das vendas. Entre as marcas importadas oferecidas pela butique, apenas a sala da Prada está fechada, segundo Aguilera. Mas os estoques oferecidos ao consumidor têm aumentado. 'No mês passado eram R$ 20 milhões, hoje já são R$ 27 milhões.' O ideal, observa, são R$ 40 milhões. Os produtos importados são o foco de atenção de crescimento na empresa. 'A intenção, se tudo correr dentro do previsto, é voltar aos números históricos da Daslu no final do primeiro trimestre de 2007', diz. Significa nesse caso que os importados vão representar 40% das vendas.

A Daslu, considerando os últimos 12 meses, até novembro, está com um faturamento de R$ 172 milhões. A expectativa é alcançar entre R$ 240 milhões e R$ 250 milhões nesse mesmo período em 2007, mesmo nível de vendas de dois anos atrás.