Título: Bush obtém pouca ajuda na Otan
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/11/2006, Internacional, p. A13

Países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) declararam ontem em uma cúpula na Letônia que poderão deslocar mais soldados para combater os rebeldes do Taleban no Afeganistão, mas apenas em situações de emergência.

O presidente americano, George W. Bush, havia pedido aos aliados da Otan que fornecessem mais soldados e com menos restrições para a mais perigosa missão da aliança em seus 57 anos de história. ¿Derrotar as forças taleban exigirá o comprometimento total de nossa aliança¿, disse Bush em Riga, capital da Letônia.

França, Alemanha, Itália e Espanha, criticadas ao rejeitar, em setembro, pedidos para enviar soldados ao sul do Afeganistão - o centro dos combates com os taleban -, prometeram ontem enviar ajuda às zonas fora de suas áreas de atuação em casos excepcionais, disseram funcionários.

¿O presidente (Jacques Chirac) confirmou a possibilidade, com base em cada caso, de deslocar suas tropas se necessário¿, disseram funcionários franceses, ecoando também as posições da Alemanha e Itália. Já a oferta da Espanha foi ainda mais restrita. Segundo um funcionário espanhol, o primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero ofereceu o uso dos helicópteros em circunstâncias excepcionais para ajudar a retirar soldados da Otan feridos, não para combate.

Grã-Bretanha, Holanda e Canadá, cujos soldados estão na linha de frente dos combates contra o Taleban, reclamam que Alemanha, Itália, Espanha e França estão mantendo suas tropas no norte e oeste do Afeganistão, regiões bem mais pacíficas. O Canadá sofreu 44 baixas no Afeganistão (36 este ano ) e a Grã-Bretanha, 41.

A missão da Otan no Afeganistão, a mais ambiciosa e problemática da aliança em sua história, está sendo afetada por cerca de 50 condições impostas pelos países participantes quanto ao deslocamento e utilização de suas tropas. Essas condições vão desde restrições sobre zonas geográficas até a rejeição de ações de combate - exceto em situações de autodefesa contra os taleban, que lideram uma dura resistência no sul do Afeganistão, cinco anos após a deposição do movimento radical islâmico.

A Força Internacional de Assistência e Segurança, sob comando da Otan, é composta por 32.800 soldados de 37 países e seu objetivo é ajudar o governo afegão a controlar o território e participar da reconstrução do país.

Apesar do fortalecimento da insurgência, o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, insistiu ontem que a aliança terá sucesso em sua primeira missão fora da Europa. Ele também manifestou a esperança de que até 2008 as forças do governo afegão possam assumir gradualmente o controle da segurança.

Bush prometeu ontem que os EUA manterão seu apoio às aspirações da Ucrânia e da Georgia de entrar na Otan, apesar da oposição da Rússia. Em discurso na Universidade da Letônia, Bush disse que a aliança manterá as portas abertas a novos membros e espera que os convites sejam feitos na próxima reunião da Otan, em 2008.

O ministro da Defesa russo, Serguei Ivanov, declarou em São Petersburgo que a Rússia não deseja entrar na Otan, pois é ¿auto-sufiente¿.