Título: ACM reúne prefeitos da BA em ato pró-tucano
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/09/2006, Nacional, p. A6

Sob a batuta do senador Antonio Carlos Magalhães, o PFL preparou para hoje megarreunião com prefeitos baianos para alavancar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) no Estado. A idéia é reunir 350 prefeitos - de partidos da chamada base carlista e que, na Bahia, inclui, além do PFL, outras siglas como PL e PP - em Salvador.

Mais do que demonstrar engajamento na campanha de Alckmin, o PFL quer deixar claro ao seu aliado de primeira hora, o PSDB, que "vai trabalhar pelo tucano" até o fim. Porém, em caso de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como prevêem as pesquisas, vai "seguir sua própria vida".

"Se o PSDB quiser ficar falando e fazendo ajuste fiscal, problema deles (dos tucanos). Nós vamos praticar oposição mesmo e com maior velocidade", resume um integrante da cúpula pefelista, para quem "essa, provavelmente, será a última eleição na qual o PFL será um caudatário do PSDB".

"Há um sentimento geral de que o PFL precisa seguir vôo solo", comenta outra liderança. Para reafirmar sua postura de oposição, os dirigentes falam até em "fazer uma limpa". "No novo PFL não vai ter espaço para quem não souber muito bem em que caminho está. Vamos cobrar clareza de oposição. Quem tiver dúvidas, será convidado a se retirar do partido", anota outra liderança expressiva. O recado tem destinatário claro: a governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Nessas eleições, por exemplo, apesar da recomendação do partido, se recusou a apoiar Alckmin.

A reformulação, explicam lideranças pefelistas, acontecerá quase simultaneamente à renovação do comando. Após 13 anos à frente do PFL, o senador Jorge Bornhausen (SC) já articula sua sucessão. Seu mandato expira em maio de 2007. Não cita nomes, mas é sabido seu desejo para que "um dos meninos" assuma a direção. O nome mais cotado é do atual líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ). O filho do prefeito do Rio, César Maia, assumiria a presidência deixando a liderança para o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), neto de ACM.

ACM Neto desconversa. Diz que o momento é de "centrar foco" na eleição e que a renovação dos quadros é assunto para março, abril e maio. Em março começa o processo de escolha dos novos presidentes municipais, em abril, dos estaduais e em maio a mudança é no diretório nacional. Bornhausen tem o mesmo discurso. "Agora é lutar para chegarmos ao segundo turno e, para isso, é preciso engajamento de todos do PFL e do PSDB. Acho a vitória possível e ainda dá tempo (de Alckmin crescer e impedir que Lula vença em primeiro turno)", afirmou.

PREFEITOS

O ato com prefeitos hoje na Bahia não é o único para os próximos dias. Na quarta-feira, em São Paulo, Alckmin deverá participar de ato de apoio com prefeitos paulistas. O evento está programado para o Clube Espéria, na zona norte da capital.

O tucano estuda a melhor ocasião para apresentar carta aos prefeitos de todo o País. Alckmin vai apresentar diretrizes do tratamento que pretende dar aos municípios, mudando, por exemplo, o Fundo de Participação dos Municípios. A ordem é trazer, na reta final, todos para o lado do tucano em uma cartada final ao segundo turno.