Título: Alckmin aumenta críticas ao governo
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/09/2006, Nacional, p. A6

O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) elevou ontem o tom das críticas à corrupção no governo Luiz Inácio Lula da Silva: "Eu quero ser presidente para acabar com o cuecão, o mensalão, os sanguessugas, os vampiros", pregou em Brasília, em comício com Maria de Lourdes Abadia (PSDB), candidata ao governo do Distrito Federal, e Joaquim Roriz (PMDB), candidato ao Senado. "Vamos fazer todos os corruptos correrem daqui", bradou.

Alckmin lembrou o caseiro Francenildo dos Santos Costa e disse que iria colocar "um tapete vermelho" para o rapaz, responsável pelas denúncias que ajudaram a derrubar o ex-ministro Antonio Palocci. "O meu governo não vai ser violento com o Francenildo. Vamos pôr um tapete vermelho para ele. É um brasileiro honesto, de bem", observou. Depois do comício, o tucano afirmou que chega a se preocupar com a democracia brasileira diante de alguns atos do governo Lula. "É uma grande preocupação. O regime que tem corrupção é autoritário porque tem que esconder o corrupto", afirmou.

Alckmin voltou a dizer que a campanha "só começa depois do dia 7 de setembro" e pôs em dúvida o resultado das pesquisas eleitorais. Em seu discurso, apelou aos presentes para não se importarem com as pesquisas. "Em São Paulo, o governador das pesquisas era (Paulo) Maluf, mas quem teve 12 milhões de votos foi o Geraldo Alckmin", disse, se referindo às eleições estaduais de 2002. Ontem, ao chegar a Brasília, ele participou de uma carreata com mil veículos, do aeroporto ao Estádio Mané Garrincha.

GUERRA NA ESTRADA

Após o comício, o candidato tucano demonstrou satisfação pela preocupação que suas críticas ao mau estado da BR-316, estrada que liga o Pará ao Maranhão, provocou no PT. As críticas, apresentadas sábado, no programa de TV do PSDB, foram respondidas no programa do PT na mesma noite. Alckmin fez as críticas ao aceitar um desafio da Caravana do Jornal Nacional, que mostrou a situação caótica da rodovia na semana passada e propôs aos candidatos que andassem nela. O tucano foi lá, constatou a situação precária e a usou como mote para acusar o desleixo do governo Lula com as estradas federais.

Em seu programa, que foi ao ar antes do horário do PSDB, o PT exaltou a Operação Tapa-Buraco nas estradas federais e acusou Alckmin de "demagogia". Ontem o tucano reagiu: "A verdade dói", ironizou, em Brasília. "O PT e Lula não podem falar de ética. Não conhecem essa palavra. Eles estão é com medo de perder votos. Não gostam da verdade, gostam da ficção", rebateu.

Mas o tucano gostou de ver o PT reagir e disse que agora que o governo mostrou algum interesse em debater, a campanha de fato começa. "Até agora era um monólogo", constatou.

Em Quixeramobim (CE), onde acompanhou Alckmin em um comício, no sábado à noite, o senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, disse ontem que o presidente Lula deixou de ser o "Lulinha paz e amor" e encarnou o "Lula fera e ódio". Tasso considerou desmedida a reação do PT às críticas feitas por Alckmin à BR-316.

O senador cearense disse que Lula tem dificuldade em aceitar críticas: "Toda vez que ele se sente criticado, vira o 'Lula fera e ódio'. Mas quando sente que está por cima - é bom lembrar o caso do caseiro Francenildo -, ele não titubeia em tripudiar e pisar em cima dos outros", disse o senador tucano.

Segundo Tasso, Lula quer evitar um segundo turno, no qual não teria como fugir a um confronto direto com Alckmin e a debates públicos. "No debate, ele será obrigado a se expor sem 'produção'. Aparecer na televisão todo produzido, editado e pré-gravado é uma coisa. Ir ao debate para responder a perguntas é muito difícil para ele, porque tem coisas que ele não tem como responder", avaliou Tasso.