Título: Cooperação aumentou na Tríplice Fronteira
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/09/2006, Internacional, p. A8
O interesse dos EUA na manutenção da relação cordial com o governo Lula, fazendo de Brasília um "aliado circunstancial" na vigilância e contenção do governo venezuelano de Hugo Chávez, aumentou consideravelmente o fluxo de autoridades americanas em visitas protocolares ao Brasil. Entre setembro de 2004 e o final de 2005, Lula recebeu os secretários de Estado, Colin Powell, e sua sucessora, Condoleezza Rice, bem como o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld. Foi igualmente intensa a caravana de uma porção de "sub's dos sub's dos sub's" para tratar em detalhes das suspeitas sobre a Tríplice Fronteira Brasil-Argentina-Paraguai.
Os EUA estavam cientes de que a comunidade muçulmana na região de Foz do Iguaçú era infinitamente menor do que a de outras regiões do mundo, que o fluxo migratório era mais limitado e que a transferência de recursos ao exterior - no Brasil pelo menos - passa por controles mais efetivos. A suspeita de existência de uma célula terrorista na região foi logo afastada. Mas persistiram as dúvidas sobre a transferência de dinheiro para grupos considerados terroristas pelos EUA e a certeza de que a área concentra atividades ilícitas - do contrabando de drogas e armas à pirataria.
O resultado das pressões americanas foi a criação de uma comissão, no formato 3+1 (Brasil, Argentina e Paraguai + EUA), para cuidar desses temas. Os três países igualmente concordaram, em março, com a instalação de Unidades de Transparência Comercial, pela qual policiais e agentes americanos e locais podem atuar no combate a crimes aduaneiros e de lavagem de dinheiro.